sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
Central Única das Favelas no Lançamento da 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública
A Central Única das Favelas esteve presente no Lançamento da 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública, no Palácio do Planalto, no dia 09 de dezembro de 2008. Um evento que contou com a presença dos Ministros Tarso Genro e Dilma Roussef, vária autoridades militares e governamentais e o representante da Sociedade Civil e Presidente de Honra da Central Única das Favelas, Mv Bill.
O programa que tem investimento de mais de 50 % do orçamento do Ministério da Justiça para a Segurança Pública com transversalidade nos Direitos Humanos, pensa na mudança da estrutura da segurança com prudência, sensatez, porém muita ousadia. Em uma expressão mais filosófica "É um portal que se abre nesta geração - a oportunidade da criação de uma ambiência saudável"
Em sua explanação, Mv Bill lembrou dois episódios que o incentivam na luta pela reconstrução das entidades militares, governo e familiar: O primeiro, aos seus 14 anos no dia em que comemoravam os 100 anos da abolição da escravatura. Aparecia no jornal uma foto com 14 homens sendo amarrados por policiais como na época da escravidão, e a outra, os processos que a dupla (Celso Athayde e MV Bill) respondem até hoje por apologia ao crime e associação ao tráfico. Resquícios ainda da autoria na produção do documentário Falcão Meninos do Tráfico, um trabalho reconhecido internacionalmente como um marco no avanço da problemática da violência, porém no Brasil a compreensão não é a mesma.
O Ministro da Justiça, Tarso Genro, que assumiu o ministério com a incumbência de fazer um pacto com os governos estaduais para desenvolver um programa nacional de segurança pública, conta com o apoio dos ministros do Planejamento, Fazenda e Casa Civil, e diz que este programa será muito mais que uma manutenção de recursos, será um aporte inédito para a segurança.
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
MV Bill estréia como ator em filme de Sandra Werneck
O rapper MV Bill faz sua estréia como ator no filme "Sonhos Roubados", de Sandra Werneck, cujas filmagens terminam esta semana. As cenas em que o rapper participa já estão todas gravadas. Ele faz o papel de Ricardo, um presidiário que paga por um programa com a adolescente Jessica (Nanda Costa), se apaixona por ela e faz de tudo para conquistá-la.
MV Bill conta que ficou animado com o convite para participar do elenco, "principalmente pelo assunto que o filme aborda, já que trata de questões importantes sobre a forma de viver da juventude atual, especialmente o universo feminino". Bill, que já lançou três livros e um documentário, afirma que sempre quis atuar no cinema.
O filme de Sandra Werneck é uma adaptação do livro "As Meninas da Esquina", de Eliane Trindade, e fala sobre prostituição juvenil. Inicialmente iria se chamar "Sexo, crochê e bicicleta", mas mudou de título e agora se chama "Sonhos Roubados". O elenco conta as jovens protagonistas Nanda Costa, Amanda Diniz e Kika Farias; e os atores consagrados Marieta Severo, Nelson Xavier, Daniel Dantas e Ângelo Antonio.
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
Vencedores do Prêmio Hutuz 2008!!
Vencedores do Prêmio Hutuz 2008!!
Revelação do Ano:
A – 286 - São Paulo SP
Melhor Grupo Norte / Nordeste:
Consciência Nordestina - Recife PE
Produtor Revelação:
Ariel Feitosa - São Paulo SP
Melhor Videoclipe:
Brasil com P - Gog - Brásilia DF
Destaque do Break:
Amazon Bboy - Belém PA
Destaque do Graffiti:
Vespa - São Paulo SP
Hip Hop Ciência e Conhecimento:
Pelas Periferias do Brasil Vol 2 (Vários, Curadoria: Alessandro Buzo)
• Esta categoria é somente para obras e não para pessoas, organizações ou instituições. Trata-se de Livros, documentários, filmes, teses, etc. ..
Melhor DJ de Grupo:
DJ Rodrigo - Inquérito - São Paulo SP
Demo Masculino:
Amizade é coisa séria – Vozes do Gueto - Rio de Janeiro RJ
Demo Feminino:
Mulher de Atitude – Mulheres de Atitude - Vitória ES
Grupo ou Artista Solo:
Realidade Cruel - São Paulo SP
Destaque Gospel:
Márcio Attack Versos - São Paulo SP
Melhor Álbum:
Dos Barracos de Madeira aos Palácios de Platina – Realidade Cruel - São Paulo SP
Melhor Música:
Poesia de Concreto - Kamau - São Paulo SP
Melhor Site de Grupo de Rap:
Renegado - Belo Horizonte BH
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
Obama e as favelas do mundo
Obama e as favelas do mundo
O processo de luta e busca por direitos básicos dos negros norte-americanos é histórico e muitas vezes foi banhado pelo sangue daqueles que buscaram por meio da luta política amenizar o sofrimento dos descendentes africanos oprimidos nas lavouras de algodão, portos e porões, perseguidos, torturados e mortos por membros da Ku Klux Klan e em grande medida por boa parte da sociedade por mais de um século. Homens como o pastor Martin Luther King, Malcom X, os Black Panthers e muitos artistas/ativistas do Hip Hop que por meio de seus atos políticos, discursos, músicas e organizações, buscaram desmantelar a segregação racial, tão exacerbada nos EUA, sentimento este que acaba por se reproduzir em várias esferas e poderes da sociedade americana, deixando “claro” para todos quais eram as intenções dos descendentes europeus na América, depois do genocídio quase total dos povos indígenas em todo continente reduzindo-os a pequenas reservas – nos EUA foram quase extinguidos do mapa – faltava agora “limpar” a nação dos negros.
Coincidentemente ou não os métodos usados foram bem parecidos com os que foram adotados aqui no Brasil, no sentido de minar a ascensão econômica, política e social dos negros, deixando-os á margem da sociedade e dos processos produtivos, expulsando-os dos espaços do centro e obrigando o deslocamento para áreas como morros, encostas, longe do centro urbano branqueado pela imigração européia no fim do século XIX, início do século XX, deixando um legado de miséria e favelização no Brasil, que desde o império adotou um sistema de concentração de renda, latifúndios, barões do café, senhores de engenho, enquanto a maioria dos homens e mulheres negros desse país sofriam e sofrem uma segregação racial e social tão drástica quanto a norte-americana, maquiada pelo discurso do trabalho, pela miscigenação da nação, desmistificando o ideário racista contido e implícito nas classes dominantes do Brasil.
O grito de liberdade contido na garganta por séculos de exploração do trabalho negro, por séculos de espoliação dos direitos humanos e agressão aos afro-americanos veio em forma de voto, mostrando ao mundo que é possível por meio da democracia trilhar caminhos outros que não seja os de interesse apenas de uma elite conservadora e protecionista... Obama traz as populações negras no mundo uma esperança jamais vista, no sentido de que os EUA tenham um novo olhar para com as favelas do mundo.
No Brasil a eleição de Barack Obama teve um efeito duplamente positivo, além de representar a ascensão do homem negro como o mais poderoso do mundo e toda a simbologia implícita neste ato, conciliou ainda, com uma data muito importante para milhões de brasileiros que vivem em áreas consideradas de risco, já que no ultimo dia 04 de novembro foi comemorado em várias capitais e cidades do país o dia da favela, uma iniciativa da Central Única das Favelas – CUFA que visa dar visibilidade às demandas das comunidades, bem como, promover ações que tragam um pouco de felicidade e auto estima um povo tão martirizado. É neste sentido que saudamos as favelas brasileiras e mundiais e brindamos com todos os seres humanos que lutaram e sonharam com esse momento.
Higor Marcelo Lobo Vieira
Estudante do 4º ano de Geografia pela UFGD e
Coordenador geral da CUFA MS
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
REUNIÃO CUFA E PREFEITO
CUFA LAGUNA SC
No último 31, um importante passo foi dado para os jovens que se encontram vulneráveis e invisíveis e em constante risco social no município de Laguna e região. Reuniram-se coordenadores da CUFA laguna e o Prefeito reeleito Célio Antônio (PT) para discutirem possíveis parcerias para o ano de 2009.
No encontro o prefeito assinou uma carta de intenções junto a CUFA para o próximo mandato.
· Fico firmado a doação de um terreno para a CUFA, local ainda não confirmado.
· A recuperação da área ao lado do campo do LEC ( Laguna Esporte Clube), na Vila Vitória onde existia uma quadra esportiva, um campo de futebol e vestiários, que hoje estão completamente destruídos e a aréa virou um lixão, depois da recuperação irão ficar sobre responsabilidade da CUFA.
· E que a CUFA deve apresentar um projeto para a realização em conjunto em 2009.
· E a construção de uma pista de skate, modalidade street com 280 m2.
Os coordenadores da CUFA fizeram uma explanação sobre o encontro nacional da CUFA em Brasília, onde participaram, sobre o pronasci que a principio vai estar em 16 estados e Santa Catarina não foi contemplado, mais que pode vir a receber ações do projeto e sobre a LIBBRA para 2009.
terça-feira, 4 de novembro de 2008
Questão de respeito
Sem qualquer motivo aparente, o taxista Cezar Augusto da Silva Purificação chamou a polícia suspeitando ser assaltado. Os policiais, por sua vez agrediram a moça e seus colegas física e moralmente, mesmo após comprovarem que não ofereciam risco algum.
A Cufa lamenta o ocorrido, não apenas por ter uma de suas integrantes envolvidas no caso, mas pelo estado de insegurança instaurado, que leva cidadãos a viverem apavorados e agirem inconscientemente, que leva a polícia a agredir antes de averiguar os fatos, que leva centenas de moradores das favelas a serem constantemente violentados em sua integridade moral e física, mesmo sem motivo aparente.
Muito mais que lamentar, a Cufa trabalha incansavelmente a fim de transformar a realidade das favelas brasileiras. Para isso, conta com parceiros como a Polícia Comunitária no desenvolvimento de ações de prevenção ao crime e à marginalidade. Tudo isso para que todos os cidadãos de bem possam ter seus direitos respeitados e sua dignidade garantida.
Segue abaixo o depoimento de Ítala Herta sobre o acontecido na madrugada do dia 25:
Era 00h30min de sábado quando falei para Henrique e Saturnino, dois amigos que me acompanhavam em um evento que estava ocorrendo no Centro Histórico de Salvador (Pelourinho), que queria ir embora, pois estava cansada. Fomos. Destino? O Bairro da Boca do Rio. Como todos os três moram próximos, decidimos dividir um táxi "amenizaria os ricos de sermos confundidos ou assaltados" (pensávamos). Ainda na saída do Pelô encontrei minha tia (Nelma Suely), meu tio (Wilson Freitas) e o meu primo (Rafael Melo) e recusei o convite de ir para o ensaio do Ilê Ayê no bairro da Liberdade, reforçando a afirmação anterior de querer ir logo para casa. Cumprimentamos-nos, eles entraram no carro e eu e os meus dois amigos continuamos andando em direção à Praça da Sé onde solicitamos o serviço de táxi do Cezar Augusto da Silva Purificação. Ainda no meio do caminho, o carro do meu tio acompanhava o táxi, nos cumprimentamos de longe, tudo parecia muito tranqüilo dentro do carro, a conversávamos sobre o final da noite, o evento, o lugar por onde passávamos.
Chegando ao início da ladeira da Fonte Nova o taxista parou o carro alegando que uma das portas se encontrava aberta. Abrir e fechei minha porta e pedi aos outros que conferissem as outras portas, todos disseram "não tem nenhuma porta aberta!", eu complementei: "por favor, taxista leve o carro adiante pois tenho medo de assalto". Olhando pelo retrovisor ele ligou a lanterna do carro sinalizando algo, nenhum dos três entendia o motivo dele ter parado naquele local àquela hora. Nesse mesmo momento, ainda com o carro parado, Cezar Augusto começou a gritar e a se debater dentro do carro. De maneira muito rápida, travou as portas do carro com os três dentro e saiu do carro gritando e afirmando que era um assalto, que eu e mais os meus dois amigos éramos assaltantes! Nesse exato momento uma viatura da Policia Civil, pela qual nos tínhamos passado sem perceber antes da ladeira, atendeu aos sinais e acusações do taxista.
Com armas em punho, os policiais gritavam e mandavam todos deitarem no chão. Eu e os meus amigos, desesperados com os gritos e as acusações do taxista diante da policia, saímos pela única porta aberta do táxi. Nesse momento eu cair com a cara no chão. Os meninos já estavam rendidos. Eu me levantei, desesperada e com a roupa ensangüentada, pedindo para que os policiais não atirassem, afirmando que éramos inocentes, que a abordagem deles era ilegal, um dos policiais pegou no meu braço me jogou no chão e em voz alta e com arma apontada para minha cabeça falou:" cala boca sua puta!, ilegal o quê sua vagabunda?" Me viraram de costa. No chão e com a cara no asfalto, rendida, começaram a me revistar, levantaram minha blusa procurando a arma, abaixaram a roupa de Saturnino. Henrique, também rendido pelos os policiais clamava para nenhuma daquelas armas disparar contra nós.
Lembra do meu tio? Deus que o colocou no nosso caminho, atendendo ao pedido do meu primo que reconheceu que o táxi parado era o meu, eles pararam o carro a alguns metros de distância e subiram a ladeira correndo gritando pelo o meu nome pedindo para não atirar, pois eram pessoas inocentes que se encontravam no chão. Minha tia, já pensava o pior ao me ver no chão ensangüentada.
Ainda no chão, os três, humilhados e rendidos, olhavam para o taxista, que a essa altura tinha se tocado na atrocidade que havia cometido. Mesmo assim, fomos interrogados no local e encaminhados (e não acompanhados) à delegacia, o que se significa que a vitima não era Ítala, Saturnino e Henrique, mas sim o taxista!
Levei cinco pontos no queixo e ainda estou com hematomas no meu corpo. Na delegacia, fizeram meus amigos mostrar se realmente tinham dinheiro para pagar o serviço de taxi. Tentaram nos coagir, um deles afirmando conhecer o Henrique de algum lugar. Enquanto eu reivindicava nossos direitos, outro policial me mandavaeu sair da frente e me sentar bem longe de suas vistas. Justificavam que o Cezar Augusto era um trabalhador assustado, vitima de assalto por três vezes.
Este é apenas um retrato da violência que atinge milhares de cidadãos brasileiros. Um relato que se repete todos os dias em cada periferia. Um quadro que a Cufa, ao lado de seus parceiros, luta para mudar e acredita que um dia será diferente.
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
Ministério do Esporte e Cufa discutem projeto para formar parceria com o Pronasci
O Pronasci é uma iniciativa inédita de combate a criminalidade no país. Tem como público alvo jovens de 15 a 25 anos egressos no sistema prisional, reservistas, em descontrole familiar e em conflito com a lei, presos ou adolescente infrator. As ações são desenvolvidas em regiões metropolitanas brasileiras mais violentas.
"O objetivo desse encontro é a construção de oficinas para criar ações de trabalho da Cufa, buscando parcerias como por exemplo, a construção de Centros Esportivos - com quadras poliesportivas, salas multiuso, arenas, vestiários, banheiros, entre outros" anunciou Celso Ataide. Segundo ele, esse espaçoes serão uma referência da comunidade e funciorarão como centros de convivência promovendo, inclusive, o basquete de rua e o hip-hop, sediando eventos culturais, escolares e esportivos.
MV Bill, por sua vez, elogiou a proposta do governo federal junto ao Pronasci, voltada para a segurança pública e aos jovens. Segundo ele, o diálogo é uma forma muito importante de atrair a juventude que é vitimada e reprodutora dessa violência. "Por meio do esporte, da educação também estaremos usando esses jovens como exemplos de resgate, como protagonistas dessas mudanças, pois agora as politicas chegam com eficiência porque são propostas às lideranças que atuam em comunidades polulares", afirma.
Representando o ministro do Esporte, Orlandio Silva, o secretário executivo fez uma retrospectiva da historia do esporte no pais, e mostrou os avanços do setor. Ele lembrou que o acesso que antes era assegurado prioritariamente à uma minoria de jovens estudantes em colégios particulares, detentoras de excelentes infra-estruturas esportivas - desde 2003 com a constituição de um ministério exclusivo do Esporte, passou a ser um direito do cidadão e a ser universalizado. "Isso implica dizer sociedade sadia embuida nos valores do esporte é sinônimo de cabeça sadia. Os grandes campeões olímpicos sairam das periferias da cidade. Um bom exemplo aconteceu com o futebol", citou.
Ele destacou ainda que o Ministério do Esporte por meio de quatro programas também está sendo beneficiado pelo Pronasci. O convênio interministreial envolveu um repasse, para 2008, no valor de R$ 32.470.788,44.
Os recursos foram destinados aos programas: Praças da Juventude, que já está construindo praças novas em vários estados do país; ao Esporte e Lazer da Cidade, que garante ações de esporte e de lazer aos jovens inseridos em suas em comunidades carentes; ao Pintando a Liberdade, que por meio da produção de material esportivo promove a ressocialização de detentos do sistema prisional do país; e ao Pintando a Cidadania, que através da produção também de material esportivo gera emprego e renda às famílias carentes.
BBC Brasil
Cidades brasileiras têm maior disparidade de renda no mundo, diz ONU
Maior número de cidades desiguais está na América Latina e Caribe, diz
relatório.
As cidades brasileiras são as que apresentam a maior disparidade de
distribuição de renda no mundo, segundo o relatório anual do Programa das
Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (UN-Habitat).
O documento Estado Mundial das Cidades 2008/2009, apresentado nesta
quarta-feira, cita o desemprego e o declínio dos salários nas áreas urbanas
como algumas das razões para esse desempenho.
O relatório utiliza o coeficiente Gini (indicador que mede a concentração de
renda de um país e indica desigualdade maior à medida que se aproxima de 1)
para medir o nível de igualdade das cidades.
"A Colômbia e o Brasil são os dois países na América Latina com o maior
coeficiente de Gini", disse à BBC Brasil a diretora do escritório regional
para América Latina e Caribe do UN-Habitat, Cecília Martínez Leal.
"Várias cidades brasileiras apresentam coeficiente de 0,6, quando a linha de
alerta internacional está em 0,4", disse Martínez Leal.
Entre as cidades com altos índices de desigualdade, ela cita São Paulo,
Brasília e Fortaleza.
O fenômeno, no entanto, não é exclusivo da América Latina. De acordo com o
documento, grandes cidades americanas, como Atlanta, Washington, Miami e
Nova York registram níveis de desigualdade iguais aos de cidades africanas,
como Nairóbi, ou latino-americanas, como Buenos Aires.
Segundo o relatório, as cidades com maiores níveis de igualdade estão
localizadas na Europa, mas Pequim, na China, é considerada a cidade com
maior nível de igualdade no mundo.
"A desigualdade representa uma ameaça dupla", disse Martínez Leal. "Tem um
efeito amortecedor sobre o crescimento econômico e cria um ambiente menos
favorável aos investimentos", afirmou.
Segundo a diretora, a desigualdade faz com que os novos investimentos em
serviços sigam favorecendo os mais ricos.
Para Martinez Leal, para fugir a essa tendência é necessário que as
políticas locais sejam dirigidas às zonas de exclusão.
Crescimento
De acordo com a diretora, o Brasil é um exemplo do que ocorre na América
Latina, não apenas em relação à desigualdade, mas também ao rápido
crescimento das cidades pequenas.
O relatório afirma que a região da América Latina e Caribe concentra o maior
número de cidades desiguais do mundo e que a característica do
desenvolvimento urbano no continente é o crescimento rápido de algumas
cidades pequenas.
O Brasil e o México são citados como os principais exemplos desse
crescimento rápido.
Conforme Martínez Leal, 70 cidades brasileiras passaram de pequenas a
intermediárias nos últimos 15 anos. Ela disse que o desenvolvimento dos
setores de turismo e indústria é uma das razões desse fenômeno.
Entre as cidades brasileiras que apresentaram crescimento rápido está Porto
Seguro (BA), que passou de 95.721 habitantes em 2000 para 114.459 em 2008.
Itaquaquecetuba (SP) também é citada, com um salto de 272.942 habitantes em
2000 para 334.914 neste ano.
Além do rápido crescimento das cidades, o documento afirma que a região da
América Latina e Caribe também é a mais urbanizada do mundo.
Segundo o UN-Habitat, quatro das 14 megacidades do mundo estão no
continente: São Paulo, Rio de Janeiro, Cidade do México e Buenos Aires.
O relatório afirma que a população urbana da região é de 434,432 milhões de
habitantes e que 27% da população latino-americana vive em favelas.
Harmonia
O relatório foi apresentado simultaneamente no Rio de Janeiro, em Londres e
em Bangcoc e neste ano tem como tema a harmonia das cidades.
O documento traz dados e análises sobre o funcionamento das cidades e como a
comunidade global pode incrementar sua habitabilidade e unidade.
Além da desigualdade e do crescimento das pequenas cidades, são abordados
aspectos como emissões de carbono e mudanças climáticas.
"O relatório pretende compreender alguns fenômenos urbanos", disse Martínez
Leal.
"Mais de 50% da população mundial vive em cidades", afirmou.
De acordo com o documento, "os níveis de urbanização global irão crescer
dramaticamente nos próximos 40 anos, para chegar a 70% em 2050".
"Os problemas das cidades serão os problemas da humanidade", disse Martínez
Leal.
O relatório cita entre os desafios das cidades nos países em desenvolvimento
o fornecimento de água potável, serviços de saneamento, o tratamento de
resíduos sólidos e a contaminação do ar.
Para Martínez Leal, o desafio dos governos é promover uma urbanização
harmoniosa, com desenvolvimento igualitário e decisões que melhorem as
condições de vida nas zonas de exclusão.
Segundo a diretora, os prefeitos não podem resolver o problema sozinhos.
"Precisam trabalhar com os governos estaduais e federal", disse.
No entanto, segundo Martínez Leal, as cidades não representam apenas os
problemas, mas também são parte das soluções.
A mesma opinião é expressada pela diretora executiva do UN-Habitat e
subsecretária-geral da ONU, Anna Tibaijuka.
Segundo Tibaijuka, muitas cidades estão abordando os desafios e
oportunidades "mediante a adoção de enfoques inovadores para o planejamento
urbano e a gestão em favor dos mais pobres, respondendo às ameaças que
apresentam a degradação do meio ambiente e o aquecimento global".
terça-feira, 14 de outubro de 2008
Renda de família negra é 50% inferior à da branca, analisa Ipea
Taxa de analfabetismo também é superior entre os pretos e pardos.
Érica Abe Do G1, em Brasília
Pesquisa divulgada nesta terça-feira (14) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta que, apesar de estar em queda, a desigualdade de renda entre as famílias negras/pardas e brancas ainda é de mais de 50%. A análise mostra que a queda só começou a ocorrer em 2001 e que, se permanecer neste ritmo, somente em 2029 o Brasil terá famílias negras e brancas com o mesmo rendimento.
"O grande responsável por essa redução são os programas de transferência de renda, que foram enfatizados no final dos anos 90 e nesta década", analisou o diretor do Instituto, Mário Theodoro.
Segundo ele, 72% dessa melhoria se deve à distribuição da renda generalizada, que teve reflexos entre a população negra. Os 28% restantes são, segundo ele, em função da "mobilidade de renda", ou maior ganho financeiro, que os negros/pardos apresentaram neste período.
O estudo aponta, ainda, que a taxa de analfabetismo entre jovens negros é quase duas vezes superior à taxa entre brancos. Apesar disso, o Ipea considera o dado como positivo, já que em 1997 essa taxa era três vezes superior. Além disso, o Instituto aponta que, em 2007, o Brasil tinha três vezes mais negros freqüentando o ensino médio do que há dez anos.. "Apesar do diferencial ainda existir, os negros estão tendo um acesso maior à escolarização, em função de ações como fundos educacionais, entre outros", analisou o diretor de estudos sociais do Ipea, Jorge Abrahão.
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
Gangues de rua: violência ou auto-afirmação? Infelizmente, nem só o hip hop, grafite, dança e esporte integram as atividades de rua.
O garoto Francisco Serafim de Souza, de 10 anos, morreu com um tiro no peito no bairro Pirambu, em fevereiro; o estudante Benício da Costa, de 21 anos, foi fuzilado com vários tiros em abril, em Maracanaú; e mais três foram assassinados em julho, Luiz Severino de Lima, 19 anos, no bairro Messejana, e Francisco Ronaldo Azevedo, 22 anos, e outro conhecido apenas por “Bodim”, no bairro Serviluz. Em comum, o fato de que todos os crimes estavam relacionados com brigas de gangues.
A maioria desses casos de violência ocorre em comunidades carentes de segurança e proteção do poder público. Porém, o comportamento agressivo não deve ser associado ao poder aquisitivo. “De acordo com a condição econômica, você tem grupos com comportamentos semelhantes, mas que recebem outros nomes. Uma turma de jovens de classe média que se reúne para sair, por exemplo, é chamada de galera, uma denominação mais suave. E essas galeras também praticam atos violentos”, observa Domingos Sávio Abreu, sociólogo e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), que participou como co-autor do livro “Ligado na Galera - Juventude, Violência e Cidadania na Cidade de Fortaleza” (Edições Unesco Brasil, 1999).
“Uma idéia que perpassa todos esse grupos de jovens é a da territorialidade. Seriam gangues de bairro, na verdade. Isso está ligado a uma série de ausências: como eles são despossuídos de bens que o poder público ou a sociedade de consumo não lhes dão acesso, decidem tomar conta de um determinado território e barrar a presença de supostos inimigos”, diz Abreu. “O fenômeno agrega ainda um certo caráter de heroísmo, que tanto atrai os jovens, ao fazer com que tentem penetrar no território proibido – o que provoca reações agressivas e vinganças, numa dinâmica de represália que não tem fim”, acrescenta o professor.
Para ele, o sentimento de posse e violência dos jovens pode ser desviado para outros valores ou atividades culturais, éticos e morais. “Os grupos de hip hop têm forte conscientização”, exemplifica. A opinião é compartilhada por Francisco José de Lima, o Preto Zezé, coordenador geral da Central Única das Favelas (Cufa) no Ceará: “Vejo o hip hop como um fio condutor de conteúdo, idéias e ações que podem mudar a realidade dos jovens e da comunidade onde vivem. Porque é uma manifestação de jovens, a sua maioria negros das comunidades, que, através de elementos culturais, tenta superar a invisibilidade imposta pela sociedade, apesar das distorções e contaminações da industria.”
Uma das questões fundamentais quando o assunto é gangues de rua é a construção da identidade de cada jovem. Para Maria das Graças Rua, cientista social e professora de Ciência Política da Universidade de Brasília (Unb), que participou, em 1999, do trabalho acadêmico “Gangues, galeras, chegados e rappers”, publicado no Rio de Janeiro, "geralmente, a construção da personalidade, por esses jovens, se dá pela oposição: a pessoa passa a saber quem é porque não é como a outra, do grupo inimigo.” E esse processo, segundo ela, acontece principalmente nos grandes centros urbanos, onde a maior parte da população perdeu seus laços culturais ou de família - elementos de construção da identidade.
Para Zezé, a relação com as gangues deve ser trabalhada com cuidado nas comunidades. “Da minha geração, quase todos eram de gangues. Conhecemos muitos que se foram ou estão presos. A convivência se dá pelo respeito, pela reconhecimento da instituição gangue, e assim vamos coexistindo e ampliando o espaço de novas formas de diálogo e afirmação”.
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
Ministro da Justiça visita a CUFA - RS
Tarso Genro esteve presente no lançamento de base CUFA na Zona Sul da capital, no dia 25 de setembro de 2008. A CUFA RS fez o lançamento de sua base de trabalho no Morro Santa Teresa, Zona Sul da capital gaúcha. Os mais de 500 convidados assistiram a apresentação do balanço social da entidade e o planejamento estratégico para o próximos anos. Conheceram também, os talentos dos projetos desenvolvidos pela CUFA, como o grupo teatral TUMULTO que apresentou durante o evento trechos da peça que estréia no final deste ano.No lançamento foi firmado o termo de parceria entre a CUFA RS, ULBRA e a SERPRO para implantação de unidades digitais em contêiner na comunidade. Teatro, dança, fotografia, vídeo e inclusão digital.
Um dos momentos mais esperados da tarde foi a presença do Ministro da Justiça Tarso Genro, que acompanhado de outras lideranças políticas do Rio Grande do Sul, prestigiaram e reconheceram o trabalho desenvolvido pela CUFA em todo o Brasil.
"A CUFA por todos os lugares onde passo, me prova que é possível fazer mudança de dentro para fora. Nós, que hoje somos governo, podemos ver na CUFA o mesmo desejo de mudança que temos em nossos corações, e é por esse desejo que o Ministério da Justiça e o Governo Federal está a disposição dessa rede que vem transformando as favelas brasileiras para apoiar e contribuir como viemos fazendo", conta Tarso.
Manual dos Basqueteiros 2008/2009
Esta edição foi concebida pela CUFA – Central Única das Favelas e desenvolvida por Celso Athayde.
Todos os direitos desta obra são reservados a CUFA
Central Única das Favelas
Rua Carvalho de Souza - 137/111 - Madureira
Rio de Janeiro - RJ - CEP 21350-180 Tel: 21-3015-5927
Concepção e Coordenação do Projeto: CUFA- Central Única das Favelas
Elaboração do Projeto: Fernanda Borriello
Apoio: Ministério da Justiça
Revisão: Fernanda Borriello, Simone Basílio, Claudia Raphael, Ana Paula Sabbag, Gleice Ferreira e Jane Carvalho
Capa e Projeto Gráfico: Galdino e Leandro Gonçalves
Fotos: Fabiana Cruz e acervo pessoal CUFA
Editora: CUFA
Central Única das Favelas-CUFA
Manual dos Basqueteiros 2008/2009
O Manual dos Basqueteiros é o resultado da vontade de alguns “malucos”, que um dia se reuniram em um evento de Hip Hop para bater uma pelada com uma “lata de lixo” e quadra de basquete improvisada.
O QUE É BASQUETE DE RUA?
No ano de 2002, a CUFA – que sempre viu no esporte uma grande ferramenta a ser utilizada para promover a auto-estima da população – criou o primeiro campeonato nacional de Basquete de Rua, o Hutúz Basquete de Rua (HBR), que acontecia dentro do Hutúz Rap Festival, o maior evento de Hip Hop da América Latina. Equipes de 13 Estados brasileiros disputaram o torneio, que teve a duração de três dias.
Apesar de existir até hoje, o HBR se tornou pequeno, três dias já não eram suficientes para comportar o campeonato que atraia cada vez mais times e jovens de todo o país . A CUFA então criou a LIBBRA - Liga Brasileira de Basquete de Rua, que se tornou referência única nesta modalidade cultural-esportiva em dimensão nacional. Essa manifestação espontânea de amor ao basquete e ao Hip Hop, se consolidou enquanto movimento tipicamente urbano e se tornou um elo na relação entre o esporte, a cultura Hip Hop e o movimento social, dando assim, o sentido definitivo ao Basquete de Rua e do qual ele passava a ser uma vertente fundamental.
Uma manifestação esportiva com compromisso cultural e social que vem proporcionando aos jovens amantes da cultura urbana, a relação que transforma esse comportamento em um pólo de comunicação entre os jovens das periferias brasileiras.
Muito conhecido como "basquete-arte", marcado por jogadas geniais, divertidas e pelas diferenciadas dinâmicas de jogo, o Basquete de Rua não se prende às regras convencionais, cria suas próprias.
Elementos importatntes para o Basquete de Rua:
MC’s
Reconhecido personagem da cultura urbana, o MC(ou Mestre de Cerimônia) é a voz ouvida durante os jogos, pois ele fica dentro de quadra narrando todas as ações. Algumas vezes brinca com algum atleta ou alguém da torcida com o objetivo de criar uma maior interação.
Na quadra ele fica responsável por manter a animação da torcida, fortalece o equilíbrio dos jogos, reforça o repertório dos DJs, passa informativos do evento e as informações mais importantes, sinaliza a urgência médica em algum atendimento aos atletas, etc. A LIBBRA trabalha com três MCs oficiais. São eles: Max DMN, Cezinha e Tony Boss.
DJ’s
A música dita o ritmo dos jogos e por isso o som em quadra é muito importante.
O Dj, também conhecido como disc jockey (ou dee jay), seleciona e toca as músicas que rolam nos eventos de Basquete de Rua. Normalmente, o som que rola é o Rap. O DJ está sempre em sintonia com o MC de quadra, contribuindo para a animação do público. Muitos Dj´s já passaram pela história da LIBBRA e outros fizeram história na LIBBRA.
Apresentamos aqui alguns dos DJ`S que contribuíram para ajudar a entender e a conceituar melhor essa história que não pára de crescer.
Libbretes (antigas Cufetes)
As LIBBRETES, anteriormente conhecidas como CUFETES, dão o tom da animação da torcida na medida certa. As LIBBRETES ajudam a preencher os intervalos, interagem com a torcida, puxam cantos de animação, além de coreografias coletivas e promovem distribuição de brindes para a arquibancada.
Graffiti
Os artistas visuais urbanos aproveitam os espaços públicos para interferir culturalmente na decoração da cidade. Suas obras costumam ter um caráter poético-político e compreendem desde simples rabiscos até grandes murais executados em espaços especialmente designados para tal. A arte do grafite está presente nos eventos de Basquete de Rua, com telas e painéis sendo executados ao entorno da quadra, enquanto acontecem as partidas.
Este elemento é mais um que compõe o leque de possibilidade desta cultura urbana, onde o Basquete de Rua está inserido.
Break
Dançarinos (as) também conhecidos como breaker boys (ou b-boy) e B-girls.
Desempenham o papel de simbolizar a situação de mutilação a que está submetido o povo pobre, seja pelas guerras, pelo desemprego, pelas drogas ou pelas desigualdades sociais. Realizando movimentos "de quebrar" (to break), esses (as) dançarinos (as) demonstram o desejo das comunidades em romper culturalmente com o sistema opressor e explorador, bem como o seu anseio por um mundo melhor. É na construção desse caminho que o Break se encontra com o Basquete de Rua, em uma dança histórica em direção a cultura urbana.
Skate
Por praticar um esporte radical nas ruas, calçadas, estacionamentos, quadras esportivas, entre outros lugares, ele é um grande representante da cultura de rua. O Skate tem cumprido um papel importante, não somente na formação e participação desses jovens nos eventos, como em uma competição paralela nas arenas da LIBBRA. O maior legado desenvolvido na relação entre o skate e o basquete tem sido a perspectiva de uma nova identidade para esses jovens que até pouco tempo eram alijados de toda e qualquer forma de emancipação.
Libbrinha
A partir de 2009, a CUFA passará a organizar um campeonato de basquete Sub-17, tanto para meninas quanto para meninos. Os jovens que participarão deverão ter idade entre 12 e 16 anos até o início do torneio.
O tempo de jogo e as regras serão as mesmas desenvolvidas pela Liga Brasileira de Basquete de Rua (LIBBRA), exceto em relação à altura das tabelas, que será de dois metros e oitenta e sete centímetros.
Os jogadores só poderão participar com permissão (por escrito) dos pais, além de atestado de saúde e todos os documentos exigidos pela Central Única das Favelas.
Atletas com idade superior a 17 anos somente poderão disputar a LIBBRA, e não mais a Libbrinha.
Presidente de Honra da LIBBRA
Nega Gizza é uma Rapper fundadora da Central Única das Favelas, nasceu no Parque Esperança, Baixada Fluminense. Se tornou a Presidente da Liga Brasileira de Basquete de rua por estar presente na ponta de todas as ações desenvolvidas pela instituição.
Gizza é a primeira Rapper a montar seu próprio selo, incentivando nas bases de luta o empreendedorismo; é a primeira locutora de rap em rádio FM no Brasil, e entre suas atribuições estão recepcionar todo o público, manter o bom relacionamento entre basqueteiros, grafiteiros, Mc's, Dj's, B-boys e todos os outros que participam ativamente do evento.
Vice – Presidente de Honra da LIBBRA
Mv Bill já possui uma carreira de sucesso dentro do mercado Hip Hop, transita
em vários seguimentos da sociedade e movimentos, entre eles , Social, o das favelas, movimento negro, de juventude. Recebeu vários prêmios por essas militâncias; entre os prêmios recebidos podemos destacar, Orilaxé ( Juventude ), Unesco ( Direitos Humanos, ) Onu ( Cidadão do Mundo, Barcelona ), vem se firmando como autor de Best Sellers, produzindo filmes e documentários.
Mas sua real revolução é a atuação com os jovens da CUFA , entidade que ajudou a fundar e ocupa a função de Vice - Presidente de Honra da LIBBRA. MV Bill também viu no Basquete de Rua uma forma de converter muito mais do que cestas , mas a vida de muitos jovens com origem parecida com a sua na Cidade de Deus, seu bairro, sua comunidade , sua favela. Para coroar em grande estilo essa relação, MV Bill nos brinda com o Hino da Liga Brasileira de Basquete de Rua que hoje também faz parte da construção dessa filosofia urbana chamada Basquete de Rua do Brasil .
Dialeto das Ruas
Afrouxar: Dar moleza.
Água de salsicha: Jogo ruim.
Apagado: Jogador que não fez nada, foi muito marcado.
Apagão: A jogada em que o atleta cobre a cabeça do outro com a camisa.
Apagar: Marcar muito um jogador, não deixá-lo evoluir em quadra.
Aqui não!!!: Toco.
Bagunçar: Esculachar, humilhar o adversário.
Barulho: Aplausos da Torcida.
Bater a carteira: Roubar a bola do adversário.
Bate-bola: Jogador que só dribla e não marca pontos.
Bebezão: Jogador que reclama de tudo.
Bicho: Jogador que ignora a marcação, nas enterradas.
Chapa quente: Jogo muito disputado.
Coca-Cola: Jogador ruim, que só tem pressão.
Coquinho: Quando o jogador bate com a bola na cabeça do seu adversário.
Cravada: Enterrada.
Dançar: Ser envolvido pelas manobras do adversário.
Entorta o Pé: Deixar o adversário no chão com um drible.
Espinha: Quando o jogador esconde a bola nas costas do adversário.
Espremedor de laranja: Dar um toco e prensar a bola na tabela.
Estilizo: Jogador que tem swing no jogo, e as roupas caem bem nele.
Freestyle: Movimentos livres feitos pelos jogadores.
Jogo de comadre: Jogo sem marcação, no qual todos fazem cesta.
Jogo de Futebol: Partida com poucos pontos.
Jump shot: Arremesso.
Ligação direta: Quando o jogador passa a bola para outro que está muito distante dele.
Mamão com açúcar: Quando o adversário é muito fraco.
Mano a mano: Quando um jogador chama o outro pra "dançar", na intenção de desmoralizá-lo.
Marrento: Jogador com muita pose.
Mascarado: Jogador metido a bonzão.
“Meu Deus": Expressões muito utilizadas pelo MC Max e que já é referência no Basquete de Rua.
Mr. M: Quando o atleta simula que passou a bola adiante e esconde-a entre as pernas.
Na Cabeça: Enterrada sobre marcação do adversário.
Na Cara: Cesta feita com marcação do adversário.
Pancadão: Perder ou vencer por uma diferença muito grande de pontos.
Pedra: Quando o DJ solta um som muito bom.
Pega-pega: fazer marcação homem a homem (ou mulher a mulher).
Ponte aérea: O jogador recebe um passe no alto quando está indo em direção a cesta e o completa com uma enterrada.
Se Liga: Quando o Jogador atira levemente a bola na testa do seu marcador.
Sem braço: Jogador muito ruim.
Seu Boneco: Quando o jogador esconde a bola na camisa.
Sinistro: Jogador muito bom.
Socada: Enterrada.
Tomar um sprite: Errar a cravada, prensando a bola no aro.
Traz o Troco: Quando o jogador finge que vai arremessar enganando o adversário fazendo-o pular.
Trombadinha: Jogador que rouba a bola do adversário.
Varrer: Dar um chega pra lá no adversário, expulsá-lo da sua área.
Esta é a primeira publicação de Basquete de Rua do Brasil
Desenvolvida por Celso Athayde (o Mesmo de “Falcão -Meninos do Tráfico” e “Falcão Mulheres e o Tráfico”) esta obra foi produzida no seio da CUFA- Central Única das Favelas com o objetivo de centralizar em um só espaço todas(até agora) regras e manhas do basquete urbano.
Fortalecer a prática do esporte através da cultura Hip Hop, é fomentar também a inclusão social, tirando da ociosidade, jovens das periferias de todo o país.
Celso Athayde viu nesta modalidade de esporte urbano a oportunidade e o desafio de alcançar mais jovens moradores de periferias com a linguagem que eles entendem bem, e desta forma, criar ferramentas para tirá-los do campo de visão do risco social. Dando a eles mais perspectivas de vida.
A CUFA hoje é a maior organizadora da prática do basquete de rua no Brasil, agregando cada vez mais parcerias para aumentar o número de jovens atendidos em suas bases por todo o território nacional.
Realização:
CUFA - Central Única das Favelas
www.cufa.org.br
sexta-feira, 19 de setembro de 2008
MV BILL – Lança no livro Falcão - Mulheres e o Tráfico
CUFA CAPIVARI DE BAIXO
Nessa Segunda-Feira dia 15/09/2008, MV Bill o lançamento do Livro Falcão – Mulheres e o Tráfico fazendo uma palestra para cerca de 1000 pessoas - no Clube Estrela, em Capivari de Baixo.
O livro relata a experiência e a convivência entre os autores e as entrevistadas, mas faz um apelo social.
- A partir do enredo discutimos os problemas e valores das classes carentes de cultura e educação, à mercê da sociedade e das autoridades, envolvendo gênero, miscigenação e condição social, mesclado às drogas e sexualidade - diz o ativista que sempre morou na Cidade de Deus/ RJ, e quando adolescente, sentia incômodo ao perceber o mundo da criminalidade. Foi algo que sempre bateu à porta mas, graças a Deus, desde cedo vi que não era o melhor caminho e saí a falar isso para todos os tipos de pessoas, indo além do movimento Hip-Hop. Hoje não é alicerce, apesar de sua importância. buscamos também outros focos e outros movimentos para falarmos com um público maior - comenta MV Bill, que além de cantor de hip-hop e escritor, é compositor, arranjador, documentarista e roteirista.
A idéia de trazer MV Bill ao Sul de Santa Catarina partiu do primeiro evento organizado pelo grupo capivariense Tribos Conexão Cultural dos Bairros, na segunda quinzena de agosto, quando o jornalista e diretor da Central Única das Favelas - Cufa - do Rio Grande do Sul, Manoel Soares, fez palestra no município, recebido por um público que lotou o ginásio de esportes.
Palavras do MV BILL - Confesso que desacreditava na organização dessa juventude, mas estou surpreso, pois esses meninos aceitaram a provocação. Com rapidez e habilidade estruturaram todo o evento e criaram aqui uma Cufa. É disso que precisamos: da sociedade ousada e organizada - enaltece Manoel.
Parabéns a todas as pessoas envolvidas no evento, um grande começo da caminhada.
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
Conselho Nacional de Promoção a Igualdade racial já inicia trabalho
Confira a reportagem na integra em http://cufacuiaba. blogspot. com/
quarta-feira, 10 de setembro de 2008
Ipea: Brasil vê desigualdade entre brancos e negros diminuir
O estudo do Ipea tomou como base dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) lançadas pelo IBGE entre os anos de 1996 e 2006. A designação 'branco' ou 'negro' foi estabelecida segundo autodeclaração dos pesquisados. Segundo dados do estudo, em 1996, 82,3% dos negros estavam matriculados em etapas do ensino fundamental adequadas à sua idade e apenas 13,4% no ensino médio. Em 2006, essa porcentagem subiu para 94,2% no ensino fundamental e 37,4% no médio. A proporção de negros e negras que estudavam no ensino médio, entretanto, ainda é muito menor que a de brancos - que chegou a 58,4% em 2006.
A renda média do trabalhador negro também cresceu, embora o aumento não seja muito expressivo: o rendimento médio de 2006 foi R$ 19 mais alto que em 1996, ou 3,93%. A queda da diferença entre os dois grupos se deu devido a diminuição dos rendimentos dos homens brancos, que passaram de R$ 1.044,20 a R$ 986,50. Os demais grupos estudados (mulheres brancas e negras e homens negros) tiveram aumentos.
Mesmo com essa alta, a discrepância é grande. Os brancos ainda vivem com quase o dobro da renda mensal per capita dos negros - pouco mais de um salário mínimo a mais.
Outros dados
Outras constatações do estudo mostram que a população negra é menos protegida pela Previdência Social do que os brancos - especialmente no caso da mulher negra - e começa a trabalhar mais cedo para se aposentar mais tarde. A renda dos negros é extremamente baixa comparada à dos brancos, e está muito próxima ao valor do salário mínimo', diz o professor Claudio Dedecca, do departamento de Economia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), em São Paulo.
Dedecca explica que a oscilação da renda de negros e brancos teve sinais diferentes entre 1996 e 2006 porque os acréscimos ou decréscimos nos pagamentos têm diferentes origens. 'O comportamento da renda dos brancos é definido por negociação coletiva ou fluxos do mercado de trabalho. Então, nesses últimos 13, 14 anos, acompanhou a queda na renda média da população. Já a dos negros está associada à evolução da política do salário mínimo.'
Além do crescimento dependente das políticas públicas, a evolução da renda entre negros e queda entre os brancos não se refletiu na erradicação da pobreza. Se em 1996 46,7% dos negros eram pobres, o percentual desceu em 2006 para 33,2. Na prática, cerca de 2 milhões de pessoas deixaram a pobreza num período em que a população ganhou mais de 32 milhões de brasileiros. Entre os brancos, o número absoluto de pessoas que deixaram a pobreza foi de cerca de 5 milhões, mesmo a queda em pontos percentuais tendo sido menor - de 21,5% para 14,5%.
Especialistas dedicados à questão da desigualdade racial concordam entre si com a raiz histórica deste vácuo econômico entre brancos e negros. Educação básica deficiente e pouco universalizada, a herança histórica deixada por séculos de escravismo e uma tradição de ocupar empregos de pouco prestígio social estão entre as causas da diferença.
Herança
Para o sociólogo Rogério Baptistini Mendes, professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fesp-SP), o fim da escravidão sem a criação de um mercado de trabalho que absorvesse a mão-de-obra negra e herança de concentração fundiária na mão de ricos produtores agrícolas privaram a população negra de acesso a 'mecanismos democráticos de ascensão social, econômica e cultural'.
'A sociedade brasileira foi constituída em três séculos de colonização e quatro de escravidão. Isso gerou uma estrutura de segregação absoluta que foi sendo superada ao longo do século 20, mas não na velocidade necessária para democratizá-la', explica Baptistini. 'Não temos mecanismos para distribuir a renda. É como se no século 21, ainda vivêssemos em uma sociedade escravocrata.'
O economista Vinícius Garcia, mestre em Economia Social e do Trabalho pela Unicamp, aponta a geografia como outro importante fator para explicar a concentração da pobreza entre os negros. 'No nosso estudo, vimos que a população negra está super-representada nas áreas menos desenvolvidas do país, como no Norte e no Nordeste. E é menos concentrada em regiões como o Sudeste, que tem uma estrutura econômica mais dinâmica', pondera ele.
Diretora de Proteção ao Patrimônio Afro-brasileiro da Fundação Palmares, Bernardete Lopes defende que o estudo do Ipea é importante para provar à sociedade que os preconceitos raciais não foram superados no Brasil. 'Acho que essa pesquisa vai fazer algumas pessoas entenderem quando dizemos que o país precisa de ação afirmativa e precisa de cotas, porque mostra que não vivemos numa democracia racial, e que a discriminação não era pela pobreza, mas sim pela raça e pela cor', afirma.
'É muito doído perceber que, embora o movimento negro tenha conseguido grandes vitórias e o Estado brasileiro hoje esteja preocupado em diminuir as diferenças, elas continuam sendo sempre o dobro', completa Bernardete, referindo-se a distância de quase 50% entre os salários de pessoas que nasceram com cores de pele diferentes.
Fonte: Uol
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
Eleições 2008
A CUFA – Central Única das Favelas é uma organização social, constituída em rede de trabalho nos 26 estados brasileiros e Distrito Federal.
Através de parcerias com o governo, empresas privadas e outras organizações do terceiro setor é possível realizar ações e projetos voltados à educação, cultura, esporte, cidadania, meio ambiente e geração de renda, que podem melhorar a qualidade de vida dos jovens moradores das favelas e comunidades populares.
Porém, a CUFA não apóia nenhum candidato e partido, apesar de respeitar todos e ter hoje relações próximas e muitos amigos que fazem parte do processo político profissional.
Acreditamos que a forma mais democrática de respeitar a democracia é resguardar a nossa credibilidade e nossa independência, e por isso, se algum político, ainda que amigo e irmão estampar nossa imagem induzindo seus eleitores a crer que somos seus cabos eleitorais, iremos lamentar, mas teremos que desmentir, pois acreditamos que esses mesmos aliados precisam prezar pela forma mais pura de fazer política, o compromisso com a verdade.
E a verdade é: A CUFA APÓIA A DEMOCRACIA E O ÚNICO PARTIDO PARA O QUAL ELA TRABALHA É A FAVELA, SENDO SEUS REIAS CANDIDATOS OS MORADORES DESSES ESPAÇOS FÍSICOS QUE VIVEM
Todos que quiserem se comprometer com a nossa verdade, serão sempre nossos parceiros, independente de partido ou movimento político, desde que o intuito seja o de transformar a comunidade e a vida de nossas pessoas que nelas vivem...
segunda-feira, 18 de agosto de 2008
O material deve estar acompanhado de fotos, vídeos, release e contatos e deve ser enviado para o seguinte endereço: Rua Carvalho de Souza, 137 – sala 111, Madureira. CEP: 21350-180 - Rio de Janeiro , RJ. Tudo deve ser postado até o dia 1° de setembro de 2008 , valendo como registro o selo do Correio.
Os áudios enviados para as categorias Demo Feminino e Demo Masculino devem apontar / conter apenas uma faixa para concorrer. Caso o material venha sem especificação, a produção escolherá a faixa título do CD ou a faixa de número 1.
Os interessados em concorrer na categoria Destaque Graffiti devem enviar dois trabalhos digitalizados, com apresentação do artista, para a produção Hutúz através do e-mail graffiti@hutuz.com.br .
Mais informações e o regulamento completo, você encontra no site www.hutuz.com.br .
quinta-feira, 12 de junho de 2008
Informe CUFA Laguna – SC
No dia 5 de junho, representantes da CUFA Laguna/SC reuniram-se no gabinete do prefeito Célio Antônio (PT), da cidade de Laguna, para apresentação dos projetos almejados pela entidade, tendo como ponto principal a construção de uma pista de Skate profissional "street", aprovada pela CBSK8, Confederação Brasileira de Skate, com metragem de 280m², que será construída em frente ao Ginásio de Esportes Bertholdo Werner. Projeto este já aprovado pela prefeitura e que está em andamento.
Também sendo discutido a possibilidade do lançamento do livro "Falcão Mulheres – E o Tráfico", durante as festividades da XXVII Semana Cultural de Laguna, esta a ser realizada no mês de julho (Em negociação). O Prefeito nos cedeu uma sala de dança para a realização das oficinas de "break" na escola CAIC, que terão início até o final do mês. Foi exposta a criação da LUBRAL (Liga Urbana de Basquete de Rua Laguna). O mesmo solicitou o orçamento das tabelas de basquete para doação junto à entidade, para a realização de oficinas em comunidades do município.
A ESTRADA É LONGA... MAS VAMOS PAVIMENTANDO
segunda-feira, 9 de junho de 2008
Espetaculo Mágico Harlem Globetrotters de volta ao Brasil
quinta-feira, 10 de abril de 2008
Leci Critica Machismo e Violencia contra Mulher
Leci critica machismo e violência contra mulher Cantora diz que empresas são os locais mais discriminatórios, por impedirem a ascensão da mulher a funções de poder Soraia Costa
Conhecida por sua preocupação com as causas sociais e, em especial, com as lutas pela igualdade de direitos, a cantora e compositora Leci Brandão diz que a violência é o maior problema para as mulheres e o acesso, principalmente à educação, é a grande dificuldade para negros e índios atingirem essa igualdade.
Em entrevista exclusiva ao Congresso em Foco ela, que foi a primeira mulher a entrar para a ala de compositores da escola de samba Mangueira e chegou a ser cotada para assumir a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) após a saída de Matilde Ribeiro, afirma que a sociedade está mudando. E se mostra otimista.
Como desafios na luta pela igualdade de gêneros, no entanto, ela põe a violência contra a mulher como um grande desafio. Para Leci, a atuação das delegacias de mulheres ainda é tímida e a presença do machismo disfarçado é comum. “Mas eu acho que agora com a Lei Maria da Penha isso vai melhorar”, pondera.
Conselheira da Seppir, Leci reclama que ainda faltam referências positivas para negros e mulheres, seja nas novelas, nas passarelas ou mesmo em brinquedos. “Por exemplo, um novelista pode fazer uma história em que uma mulher lute para chegar no poder e consiga. Porque tem que se escrever a novela com um episódio de vitória. Não adianta só a questão do sofrimento, senão não haverá um final feliz”, diz ela.
“É como, por exemplo, a questão da criança negra, que quase não tem referenciais infantis. Você quase não vê crianças negras em comerciais. Então a criança negra fica, coitadinha, lá embaixo. As fábricas de brinquedo, por exemplo, quase não fazem bonecas negras. Você só vê bonecas loirinhas, magrinhas, de cabelo lisinho. Aí a minha sobrinha não vai querer a boneca negrinha quando você der para ela, porque ela aprendeu a só ver boneca loira”, acrescenta Leci.
Apesar dos obstáculos, a cantora, que completa 30 anos de carreira em 2008, acredita que a sociedade está mudando. “A sociedade brasileira está passando por uma transformação muito grande e quem não representar, literalmente, o que o povo necessita, o povo muda, o povo tira”, diz ela referindo-se à cobrança em relação à atuação dos políticos.
Veja a entrevista:
Qual a maior dificuldade enfrentada pelas mulheres em sua luta pela igualdade de direitos?
A grande dificuldade para a mulher hoje é a violência. O que a gente tem visto aí no jornalismo diário são agressões, estupros, seqüestros-relâmpagos, a violência doméstica. Enfim, são mulheres apanhando dentro de casa. A criação e a atuação das delegacias de mulheres ainda está muito tímida; deveria ter mais. Muitas vezes a mulher tem medo de denunciar, mas aí o vizinho que escuta a mulher gritando denuncia, ou as pessoas ligam para o disque-denúncia. Mas eu acho que agora com a Lei Maria da Penha isso vai melhorar.
E a senhora acredita que a Lei Maria da Penha tem resolvido esse problema?
Ela ainda está muito recente. Mas a gente vai lutar para que essa lei seja cumprida de verdade, para que qualquer homem que bata na sua mulher de forma covarde seja preso. Vá para dentro da cela e vá responder a processo.
E essa lei tende a ser cumprida? Porque, afinal, ainda vivemos em uma sociedade machista.
Exatamente. Mas vai depender muito da participação das mulheres. Acho que as mulheres têm que entender que acabou essa questão do medo. A gente não pode mais ser covarde. Tem que chegar e denunciar na delegacia, na associação de moradores, na passeata, na prefeitura, na câmara de vereadores, na assembléia legislativa, no Congresso Nacional. Então tem que falar, tem que ter atitude.
Qual a maior vitória que as mulheres tiveram durante o governo Lula?
A criação dessa secretaria [Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres] presidida pela ministra Nilcéia Freire. Porque ela tem criado mecanismos para abranger todas as indicações que todas as mulheres do Brasil têm trazido. Então eu estou gostando muito da gestão da ministra Nilcéia.
E o que faltou? O que o governo poderia ter feito e não fez?
Acho que principalmente essa questão da saúde. A saúde da mulher ainda está bem precária. Quando você sai das grandes capitais e vai para o interior do Brasil, vê que ainda falta muita coisa.
Mas, se a questão da saúde pública é um problema geral, porque para as mulheres o problema é maior?
Porque a mulher tem problemas como o câncer de mama, tem o pré-natal, tem o problema da anemia falciforme nas mulheres negras, porque as crianças têm anemia falciforme e nem todo o sistema de saúde sabe tratar disso aí. Também tem a questão do aborto. Então tem muita coisa.
O que a senhora entende como igualdade de direitos quanto a gênero?
Por exemplo, que a mulher tenha o mesmo salário de um homem, porque ela não tem. Que a mulher esteja mais presente no Senado e na Câmara, porque são poucas. As mulheres que são excluídas da sociedade e as que estão na penitenciária também têm que ter direito à visita íntima. Elas teriam que ter direito a ficar com os filhos durante um pouco mais de tempo e não só seis meses, porque o homem não tem que amamentar filho, mas a mulher precisa.
Na época da revolução feminista as mulheres deixaram suas casas para ingressarem no mercado de trabalho. E hoje muitas mulheres têm feito o movimento inverso. Estão deixando o emprego para se dedicar mais aos filhos...
Mas esse é um percentual pequeno, porque a maioria das mulheres hoje está trabalhando.
Mas, ainda assim, algumas mulheres têm optado por deixar o trabalho para cuidar dos filhos, principalmente nos primeiros anos de vida destes. A senhora acha que tinha que haver uma política diferenciada para as mulheres para se corrigir isso? Ou teria que ser uma política geral, como, por exemplo, a redução da jornada de trabalho?
Uma política geral, sim, assim como hoje existe a licença paternidade. Porque a mulher precisa do seu companheiro. Principalmente para estar ali com ela nos primeiros dias após o nascimento de uma criança. Eles têm que tomar uma série de providências. E não é só o fato de lamber a cria não. É um tempo para que você possa dar toda a assistência para o bebê. Agora eu acho que há uma discriminação, por exemplo, porque a mulher tem que dar uma atenção para a sua família, para a sua criança. E eu acho que ela não poderia ser prejudicada, principalmente na questão salarial, por ter que dedicar esse tempo para cuidar do seu filho. Porque nem todo mundo tem condições de pagar por uma babá.
Onde o machismo está se manifestando hoje? Ainda tem muito machismo ou isso está mudando?
Nas empresas. Eu tenho várias amigas que não são do meio artístico e que trabalham em empresas privadas. E, nelas, para a mulher exercer um cargo de comando, para chegar a gerente, a diretora é muito difícil. Claro que hoje já se vê muito mais mulheres executivas e no poder, mas os homens machistas estão sempre dando um jeitinho de se fechar na “panela” deles, machista, e de não dar oportunidade para as mulheres.
E como resolver isso?
Acho que com as lutas. Essas lutas todas aí, essas comissões [criadas no Congresso para defender o direito das mulheres]. Essa discussão que está vindo na imprensa, que está vindo nos programas de televisão. Inclusive eu acho que tinha até que ter mais. Na TV aberta, pelas tardes, ao invés de ficar dando “futrica” e contando fofoca, as pessoas poderiam trazer assuntos mais sérios. Porque televisão todo mundo assiste. Levar para a novela seria uma outra solução importante.
Me dê, por favor, um exemplo prático de como resolver essa questão.
Por exemplo, um novelista pode fazer uma história em que uma mulher lute para chegar no poder e consiga. Porque tem que se escrever a novela com um episódio de vitória. Não adianta só a questão do sofrimento, senão não haverá um final feliz. É como, por exemplo, a questão da criança negra, que quase não tem referenciais infantis. Você quase não vê crianças negras em comerciais. Então a criança negra fica, coitadinha, lá embaixo. As fábricas de brinquedo, por exemplo, quase não fazem bonecas negras. Você só vê bonecas loirinhas, magrinhas, de cabelo lisinho. Aí a minha sobrinha não vai querer a boneca negrinha quando você der para ela, porque ela aprendeu a só ver boneca loira.
Qual tem sido a grande barreira na luta para a igualdade racial?
O acesso. O acesso à inclusão. Porque você não vê, por exemplo, nenhum descendente indígena no poder, não vê no serviço público. Os negros, você já vê, mas falta ainda estrutura, principalmente a questão de acesso à escolaridade. Temos que dar educação para essas pessoas terem direito a cursar uma universidade, a sair com um diploma. Eu quero ver um engenheiro negro, quero ver arquiteto, médico. Eu quero ver... porque eu não vejo.
E nesse caso, as cotas são uma opção?
Eu acho que ajuda bastante.
Mas as cotas, dessa maneira como são feitas hoje, geram polêmica sobre como distinguir quem tem ou não direito às vagas especiais. Há casos, por exemplo, de irmãos gêmeos, cujas condições de educação foram as mesmas, só que um é branco e outro é negro. Como dizer quem deve ser beneficiado com esse sistema?
Mas essa questão da cota de negro – eu tenho falado muito isso e nem sei se o pessoal do movimento gosta – mas acho que a questão é cota para os pobres. Porque pobre você tem negro, tem branco, tem amarelo... tem todas as etnias. Então acho que a questão é cota para pobre. Porque quem é pobre não pode cursar um pré-vestibular.
O grande argumento dos idealizadores do sistema de cotas para negros nas universidades, no entanto, é de que elas ajudariam a formar uma elite negra para que, uma vez que os negros começassem a ocupar posições de poder, se atingisse uma igualdade de forças entre negros e brancos e, assim, se chegasse à igualdade de condições e direitos.
Eu não vejo essa questão da elite. Eu vejo que é mais uma questão de justiça, de direito que a pessoa tem a uma profissão. Sem a palavra elite. Eu não gosto dessa palavra. Eu acho que as pessoas têm que ter oportunidade, para poder exercer a sua profissão, para que ele possa ganhar mais, possa sustentar sua família, conseguir comprar um apartamento, ter o seu carrinho. Por que não?
Então a idéia é atacar o preconceito em várias frentes.
Em todas as frentes. A questão dos comerciais, a partir das agências de publicidade, é muito complicada. Por exemplo, o Fashion Rio fez aquele desfile de moda esse ano e excluiu todos os modelos negros e negras. E isso foi um horror. Ou será que não tem mulher negra e homem negro bonito? Claro que tem. Mas isso se chama discriminação.
E a senhora acha que essa lei que criminaliza o preconceito racial está funcionando direito?
Agora a própria imprensa tem fiscalizado isso aí. Toda vez que há qualquer tipo de constrangimento envolvendo essa questão da cor da pele todo mundo fala. As pessoas vão para a imprensa e a imprensa procura saber se houve resultado, se teve punição na delegacia. Porque as pessoas fazem registro na delegacia, então está todo mundo fiscalizando.
E a senhora acredita que, com a lei, os casos de discriminação diminuíram?
Pelo menos está todo mundo tomando um pouco mais de cuidado, porque sabe que agora a lei vai funcionar.
A senhora identifica algum problema nessa caminhada pela igualdade de direitos?
Eu não gosto de falar de problemas. Eu gosto de falar das lutas, das ações afirmativas que estão sendo criadas. A secretaria de mulheres tem mostrado na sua atuação, a cada ano, uma evolução fantástica. O governo Lula proporcionou que qualquer pessoa possa ter acesso, vir ao Senado. Acabaram com essa coisa de “eu não posso ir a Brasília”. E agora todo mundo vem. Vem de ônibus, caminha, vem a pé. Então há uma aproximação maior hoje da população brasileira com o governo de uma forma geral. Então as pessoas hoje falam: “Ah, não vai atender a gente? Então vamos colocar carro de som, vamos fazer faixas”. E essas pessoas acabam sendo recebidas. Então a sociedade brasileira está passando por uma transformação muito grande. Quem vir para cá e não representar, literalmente, o que o povo necessita, o povo muda, o povo tira. E isso aconteceu nas eleições mais recentes. A oligarquia, por exemplo, do Nordeste, acabou toda, caiu todo mundo, o povo cansou. As coisas estão mudando, hoje há uma conscientização maior, o povo está pensando mais. Você liga a TV e vê a TV Senado. Por isso que eu pedi ao presidente do Senado que tenha um canal aberto, porque as pessoas têm que ver a TV Senado para ver o que está acontecendo aqui dentro.
Já há um sistema de cotas para que os partidos reservem 30% das vagas para as mulheres, mas nem sempre elas são preenchidas e os partidos alegam que isso é por falta de interesse das próprias mulheres.
Mas não é bem assim, não. O problema é que eles não dão a estrutura que elas precisam para fazer a campanha. Há uma certa má vontade, porque hoje para fazer uma campanha política é preciso ter uma estrutura financeira. Sem estrutura, é difícil você chegar lá. Mas se houver uma punição, assim como hoje é feito em outros países, para o partido que não cumprir isso aí, eles vão correr atrás. Porque quando mexe no bolso todo mundo dá um jeitinho de resolver. É a questão da multa, né. No trânsito, por exemplo, todo mundo tem que andar direito, tem que usar cinto de segurança, não pode falar no celular senão vai ser multado. Porque no Brasil você tem que mexer no dinheiro das pessoas para elas poderem andar na linha.
Muitas vezes a mulher ainda é vista como um objeto, e muitas pessoas dizem que essa visão machista é culpa da própria mulher que usa decotes, que se insinua, que posa nua em revistas. Isso mudou?
Eu acho que a maioria da população feminina não visa a isso. É claro que a mulher quer se arrumar, ela tem que se enfeitar, porque é uma coisa natural nossa de querer estar com uma roupa legal, de querer mostrar sensualidade. Porque é um percentual bem pequeno que quer sair nua na capa e que quer chamar a atenção por isso e que acha que tem que conquistar as coisas por meio da sedução. Isso é uma coisa que está caindo. Hoje a mulher faz concurso, ela vai estudar, ela quer competir de uma forma absolutamente digna. Mas o homem também está mudando. Por exemplo, meu pai jamais usaria uma camisa vermelha. Jamais usaria uma camisa cor-de-rosa, cor-de-abóbora. E isso acabou. Hoje os caras estão andando de bermuda florida. Hoje o homem usa brinco. A camiseta em casa às vezes você não sabe de quem é, se da filha ou do filho. De quem é a argola pequena, se é do rapaz ou se é da moça. Então isso mudou. Esses preconceitos estão sendo paulatinamente retirados do comportamento da sociedade. Agora, infelizmente, ainda há homens que têm uma máscara de serem bonzinhos. São bonitos, são bonzinhos, mas, entre quatro paredes, eles são agressores. E isso independe até da classe social. Porque tem homem rico, tem artista que mete a pancada mesmo. É só contrariá-lo que ele mostra o outro lado dele. E isso é muito ruim. Por isso eu acho que essa questão da Lei Maria da Penha é muito importante.
A senhora acha então que a gente está caminhando mais para uma igualdade de direitos ou para o aumento de um preconceito camuflado?
Não, eu prefiro dizer que nós estamos caminhando para uma igualdade de direitos. Inclusive com a criação da subcomissão [dos direitos da mulher, criada no Senado] nos vamos ter grandes avanços. Eu sou esperançosa, eu sou otimista à beça.
http://congressoemfoco.ig.com.br/DetQuestaodefoco.aspx?id=72
segunda-feira, 7 de abril de 2008
“O Falcão não é um caso de polícia, não é uma denúncia, não é uma lamentação. Falcão é sobretudo uma chance que o Brasil vai ter para refletir sobre uma questão do ponto de vista de quem é o culpado e a vítima. Falcão é uma convocação para que a ordem das coisas seja definitivamente mudada. Celso Athayde”
“Porque eu vivo perto dessa realidade e eu sempre vi esse problema analisado por antropólogos, sociólogos, especialistas em segurança, que não vivem essa realidade. A idéia é permitir que o país faça uma reflexão sob um novo ponto de vista, que é a visão dos jovens sempre considerados os grandes culpados.” Mv Bill
Quem trabalha é recompensado, quem fica parado não vai lugar nenhum, O Documentário ”Falcão - Meninos do trafico" ganhou o Festival internacional do cinema em Milão na seção documentário.parabéns a todos que trabalham!
quinta-feira, 31 de janeiro de 2008
SUBURBANO CONVICTO Pelas Periferias do Brasil
quarta-feira, 30 de janeiro de 2008
Livro FALCÃO MULHERES e o Tráfico
Falcão – Mulheres e o Tráfico, é o novo Livro de Celso Athayde e MV Bill é a continuação do projeto pioneiro que resultou no documentário e no livro Falcão — Meninos do Tráfico, lançado no ano de 2006, em co-edição da Central Única das Favelas (Cufa) com a Objetiva. Trabalhando em favelas de todo o Brasil com meninos envolvidos no tráfico de drogas, os autores MV Bill e Celso Athayde descobriram que a vida desses 'falcões' estava visceralmente ligada à trajetória de suas mães, filhas, irmãs, amigas, esposas e namoradas. Em Falcão — Mulheres e o Tráfico, os autores contam histórias de mulheres de diferentes idades, valores e projetos de vida, que de alguma maneira passaram a interagir e, em alguns casos, a integrar a indústria do tráfico de drogas. Este livro é o relato de como os autores conheceram essas mulheres e de sua convivência com elas. Além disso, é também um esforço para que o Brasil conheça a história delas.'Não queremos que nossa contribuição se limite aos filmes, documentários e livros, que, é claro, têm sua importância. O mundo no qual penetramos nos mostrou o quanto o problema é grande, o quanto o buraco é mais embaixo. Ao tentar desmistificar a questão dos jovens, descobrimos que essa realidade está entrelaçada, formando uma teia com outras realidades. Nessa teia, estão, também, elas, as mulheres', escreve Athayde na apresentação do livro.Realizado a partir de oito anos de entrevistas, Falcão — Mulheres e o Tráfico é narrado em primeira pessoa pelos autores, que transcrevem numa linguagem franca e direta as conversas que tiveram com dezenas de mulheres em favelas de todo o país sobre suas experiências com o tráfico de drogas. São relatos emocionados, duros, e muitas vezes chocantes, de mães que perderam filhos ainda jovens, de mulheres embrutecidas pela violência e que passam a comandar o tráfico com mão-de-ferro, de tristes prostitutas que se vendem por um punhado de drogas – em suma, mulheres que aprenderam a viver sob uma nova ordem moral.Ao tratar dessa realidade feminina brasileira, Falcão – Mulheres e o Tráfico acrescenta uma nova dimensão à discussão sobre a desigualdade econômica e social e a questão da segurança pública. Enquanto narram suas histórias, os autores também discutem temas polêmicos como racismo, repressão policial e a importância do trabalho social e do movimento hip hop para a juventude que vive nas favelas, num livro fundamental para quem pretende entender o problema da violência no Brasil.
Sobre os autores:
CELSO ATHAYDE nasceu no Cabral, Baixada Fluminense. É um produtor pioneiro e influente no segmento do hip hop no Brasil. Antes dos 13 anos, já havia morado em quatro favelas, em abrigos públicos e na rua. Trabalhou como camelô em Madureira, onde começou a organizar eventos musicais. Com o tempo, seu trabalho começou a abrir portas para um novo universo, e ele fundou a Cufa, Central Única das Favelas, organização reconhecida pelo trabalho de inclusão social de abrangência nacional.Desde então, Celso dirigiu e produziu o filme 'Falcão — Meninos do Tráfico', que recebeu o Prêmio Rei da Espanha. Escreveu, com o rapper MV Bill, o livro de mesmo título, além de Cabeça de Porco, também com MV Bill e Luiz Eduardo Soares. Dirigiu e produziu, ainda, os documentários 'Sou Soul', com Nega Gizza, e 'Di Menor', com MV Bill, além do premiado clipe 'Soldado do Morro', de MV Bill, junto com Roberto Oliveira. Criou o Prêmio Hutúz, o mais importante do hip hop nacional, e também a primeira Liga Brasileira de Basquete de Rua.
MV BILL é hoje o rapper mais influente do país. É escritor, compositor, arranjador, documentarista e roteirista. Com Celso Athayde, realizou o documentário 'Falcão — Meninos do Tráfico' e escreveu o livro homônimo. Escreveu também, com Celso Athayde e Luiz Eduardo Soares, o livro Cabeça de Porco. Sua atuação não se limita ao setor cultural e artístico. Ele também transita pela política e pelos movimentos negro e social. Seu desempenho nesses segmentos o levou a receber o Prêmio Unesco — Categoria Juventude, o Prêmio de Direitos Humanos, concedido pelo Ministério da Justiça, o Prêmio Cidadão do Mundo, pela ONU, e o Prêmio Wladimir Herzog, do Sindicato de Jornalistas de São Paulo.Bill tem 32 anos, nasceu e reside na favela Cidade de Deus. Seu trabalho fala sobre violência, discriminação e cidadania. Sua música canta a realidade das periferias, incentivando a conscientização e a valorização da cultura dos guetos no nosso país.