Amanhã, às 10 horas, a antiga presidência da Central Única das Favelas (Cufa) passa a bola de sua direção nacional para a representação do Ceará. O rapper Preto Zezé recebe a faixa das mãos do rapper carioca MV Bill no palco do Theatro José de Alencar.
Quando criada, há 13 anos, a Central Única das Favelas (Cufa) reunia um grupo de jovens, de várias favelas do Rio de Janeiro, que buscavam espaço para expressar suas ideias, questionamentos e atitudes. Embora tivesse o hip hop como principal forma de expressão, o movimento decidiu ampliar os horizontes e lançar ações para as esferas políticas, sociais, esportivas e culturais do País. Em 2011, com sede em todas as capitais brasileiras, a Cufa passa por uma de suas principais mudanças.
Amanhã, a instituição põe em prática dois de seus ideais de base: democratizar e descentralizar o poder. Em cerimônia no Theatro José de Alencar, às 10 horas, os cariocas MV Bill e Nega Gizza, até então presidente e vice-presidente nacional da Cufa, passam as faixas para Preto Zezé e Karina Santiago, coordenadores gerais das Cufas Ceará e Mato Grosso. Já estão confirmadas as presenças do Ministro da Saúde, Alexandre Padilha; do Diretor de Comunicação da TV Globo, Luiz Horta Barbosa Erlanger, e da Diretora de Comunicação da UFRJ, Ivana Bentes.
“A Cufa é muito democrática e é um modelo do que eu gostaria que fosse mudado no País. A alternância de poder é sempre muito saudável”, defende o rapper MV Bill, que foi premiado pela Unesco, em 2004, como uma das dez pessoas mais militantes da década. Após 13 anos com a mesma direção, os escritórios estaduais decidiram mudar. “Esses nomes (Preto Zezé e Karina Santiago) surgiram de forma muito natural. O Zezé é um dos caras mais inteligentes e articulados que conheço e essa decisão ajuda a quebrar essa coisa do eixo Rio-São Paulo. Uma das coisas mais interessantes da Cufa é fazer com que o protagonismo seja a nossa marca”, define MV Bill.
Projetos na pauta
Muito além do hip hop. É assim que Preto Zezé avalia o trabalho realizado pela Cufa no Ceará, criada oficialmente em 2005. Ele avalia que o movimento deixou de ser pautado pelas políticas públicas para sugerir e motivar a criação de novos projetos e ações no governo local. “Nos últimos seis anos de governo, tivemos uma série de avanços. Agora precisamos ampliar os direitos já conquistados e aumentar o diálogo e a organização do povo. O legal é que ações pequenas da Cufa possam inspirar a política pública maior. É a nossa contribuição enquanto movimento social”, destaca Preto Zezé.
Para Karina Santiago, representante da Cufa Mato Grosso, mudar e valorizar outros atores sociais é a proposta. “É muito simbólica essa questão do Zezé ser do Nordeste e eu do Centro Oeste, locais que geralmente ficam fora do eixo. E a instituição escolhendo esses dois nomes e essas duas regiões, aponta esse processo de descentralização do poder. Acho que será uma boa dupla”, anseia Karina Santiago.
Os próximos projetos da Cufa visam a criação de um programa de televisão local e a estruturação da sede na Comunidade das Quadras, onde surgiu a Cufa Ceará. “Estamos estruturando algumas bases porque temos muitas ações nas comunidades. Queremos agora criar alguns núcleos com prédio, computador, Internet para que esses jovens cuidem do nosso próprio investimento. Queremos ser coadjuvantes da nossa própria história”, decide Preto Zezé.
SERVIÇO
FESTIVAL SOMLIDÁRIO
Shows de MV Bill, Transacionais, DJ Guga de Castro, DJ Doido, Comunidade da Rima, Andread Jo e Grovytown
Quando: Hoje (15), às 19h
Local: Ginásio Paulo Sarasate
Ingresso: Doação de alimentos não perecíveis, produtos de higiene pessoal, produtos de limpeza , lençóis, toalhas, colchões e água mineral para as vítimas das enchentes de Fortaleza.
Outras info: 3067 8024 / 3066 2329
POSSE DA NOVA PRESIDÊNCIA DA CUFA
Quando: Amanhã (16), às 10h
Onde: Theatro José de Alencar (Praça José de Alencar, s/n - Centro)
Outras info: 3067 8024
Quem
ENTENDA A NOTÍCIA
Francisco José Pereira de Lima, 34, o Preto Zezé é produtor cultural, educador, membro do Conselho Nacional de Juventude, idealizador dos projetos Se Liga: o Som do Hip-Hop (pela Universitária FM 107.9 junto ao grupo Comunidade da Rima desde 1999) e Ronda Cultural. É ainda autor do documentário Selva de Pedra - a Fortaleza Noiada.
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