quinta-feira, 27 de agosto de 2009

CUFA/SC APRESENTA PROJETO SEGUIDO DE DEBATE



No dia 26 de agosto de 2009, em Laguna/SC a CUFA SC (Central Única das Favelas de Santa Catarina) apresentou para a comunidade lagunense o projeto Cine Arte e Cidadania – O Cinema na Tela da Favela. O Projeto em parceria com a ELETROSUL vai beneficiar as comunidades de Laguna, Capivari de Baixo e Tubarão, levando mais cultura e estimulando o debate através de filmes que abordam situações do cotidiano local. Acreditamos que com projetos sérios que cheguem até as comunidades de maneira que elas se sintam parte do objetivo, estaremos cumprindo nossa função social, estimulando os debates com o foco de levantar questões como combate a violência, qualquer tipo de discriminação e prevenção ao consumo e tráfico de drogas através da cultura e do protagonismo juvenil usando a linguagem dos jovens para os próprios jovens.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Cine Arte e Cidadania parceria entre CUFA SC e ELETROSUL



A CUFA SC (Central Única das Favelas de Santa Catarina) através de sua base de Laguna junto com a ELETROSUL esta trazendo para os municípios de Laguna, Capivari de Baixo e Tubarão o projeto “Cine Arte e Cidadania” que é composto de exibição de Filmes e/ou Documentários, com acesso livre e gratuito para o público, seguido de debates ao tema que o filme aborda.

A constatação da ociosidade nas periferias, invisibilidade que nossa juventude esta submetida e a dificuldade desta população ter acesso aos bens culturais, pela ausência de políticas, principalmente para os jovens em situação de risco, vem fazendo com que aumente e muito os números da violência, consumo e trafico de drogas.

Por isso queremos levar um pouco de cultura, lazer, informação e debates que orientaram a prevenção á violência ao consumo e tráfico de drogas nas periferias das nossas cidades. Através da Cultura, integração das comunidades e estimulo aos debates estamos levando para as periferias das nossas cidades esse projeto que trata a realidade da cultura periférica estimulando o debate entre o público e gerando consciência da prevenção através dos próprios jovens.

sábado, 22 de agosto de 2009

CUFA PRAIA GRANDE SP SÓ CORRERIA!!!

SONHOS, LUTAS E CONQUISTAS SE REALIZANDO.

A BASE-CUFA DE PRAIA GRANDE ESTA SEMPRE EM BUSCA DE PARCERIAS SERIAS E INTERESSADAS EM FAZER ALGO REAL EM PROL DOS JOVENS PERTENCENTE PRIMEIRAMENTE AS COMUNIDADES CARENTES DA REGIÃO E A TODOS OS DEMAIS QUE PRECISAREM DE AUXILIO. NESTAS BUSCAS A EQUIPE DA BASE-PG CONHECEU O SR. DOUGLAS UM PROFISSIONAL RESPEITADO NA AREA DE CONSTRUÇÕES CIVIS E SEMPRE QUE PODE AJUDOU E APOIOU CAUSAS SOCIAIS. HÁ MUITO TEMPO ELE TINHA O SONHO DE REALIZAR ALGO QUE PUDESSE SER UTILIZADO E APROVEITADO PELA COMUNIDADE, MAS, QUERIA QUE FOSSE ATRAVÉS DE UMA ORGANIZAÇÃO SERIA, APÓS UMA REUNIÃO COM O COORD. DA BASE-CUFA PG JONES JUNIOR E TAMBÉM VERIFICANDO E CONHECENDO MAIS SOBRE O TRABALHO SOCIAL DA CUFA (CENTRAL ÚNICA DE FAVELAS) DECIDIU QUE IRIA CONCRETIZAR ESSE SONHO ATRAVÉS
DA BASE-CUFA DE SUA CIDADE PRAIA GRANDE.. O SR. DOUGLAS DOOU PARTE DE UM TERRENO DE 900 M2, PARA CONSTRUÇÃO DO NUCLEO DA BASE-CUFA PG E A OUTRA PARTE PARA UMA ORGANIZAÇÃO DE SEGMENTO ESPIRITUAL.
SR. DOUGLAS TAMBÉM PROMOVEU REUNIÕES JUNTAMENTE COM A COORDENAÇÃO DA BASE COM OUTROS PROFISSIONAIS, ARQUITETO, ENGENHEIROS, ETC. COM ESTAS REUNIÕES VIABILIZOU-SE O TRABALHO ESTRUTURAL DA OBRA, NOVOS PARCEIROS E CONSEGUIRAM TAMBÉM A DOAÇÃO DA TERRA PLANAGEM. NESTE ESPAÇO SERÁ CONSTRUIDO UMA QUADRA POLI ESPORTIVA, UMA PISTA DE SKATE, UMA EDIFICAÇÃO COM SALAS PARA OFICINAS CULTURAIS PROFISSIONALIZANTES, SALAS P/ REUNIÕES E ARTICULAÇÕES DA BASE-CUFA PG.É A CUFA PRAIA GRANDE TRABALHANDO PARA ATINGIR SUA MISSÃO. TRABALHAR PARA UMA SOCIEDADE MELHOR E COMUNIDADES COM AUTO-ESTIMA ELEVADA E CONSCIENTE DE SUA CIDADANIA.

VAMBORA FAZER DO NOSSO JEITO!!!!

Por: Néia Oliveira (coord. de comunicação BS)

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Re-Cultura: Líderes culturais brasileiros se unem em prol da reforma da cultura




Gestores, produtores e agentes culturais de vários estados brasileiros se reuniram na terça-feira, 11 de agosto, com o ministro Juca Ferreira, no Auditório do Ministério da Cultura, em Brasília, para entregar o manifesto que visa um marco regulatório específico para a atividade cultural.

O encontro foi um primeiro passo em direção a uma reformulação da atividade cultural no país. O Ministro afirmou que o Brasil é um país com enorme potencial de cultural, e que o brasileiro não tem noção da importância da cultura da sua nação em outros países.

Esta reforma cultural é apelidada de ”RE-Cultura” e foi impulsionada pela declaração de MV Bill, rapper e um dos fundadores da CUFA - Central Única das Favelas, feita ao jornal “O Globo” no domingo, 2 de agosto, que ao protestar, visou alcançar não só as questões tributárias e fiscais, mas as novas relações de trabalho geradas pela especificidade das atividades de artistas e demais profissionais inseridos nas cadeias produtivas da cultura.

MV Bill ao se posicionar sobre o assunto ressaltou que “a cultura está presente em todas as áreas públicas e que necessita agora de uma forma mais elaborada de fazê-la e consumi-la, e para tal, é necessário discussões sobre o sistema nacional e das cadeias de cultura, bem como uma reforma dos marcos legais regulatórios”.

O rapper acrescentou que a atividade cultural, além de importante vetor de desenvolvimento é construtora de identidades, pertencimentos e meios, especialmente, nos últimos anos, de inserção sócio-produtiva, particularmente, de jovens, os que mais sofrem as dificuldades para encontrar espaços no mercado formal de trabalho.

Após a fala de algumas autoridades que também estavam presentes como os secretários de cultura do Distrito Federal, Acre, Mato Grosso, Rio de Janeiro e Porto Alegre, a discussão foi aberta aos artistas e produtores culturais que colocaram os altos tributos como um dos elementos que dificultam o trabalho artístico no Brasil.

O secretário adjunto de cultura do Distrito Federal, Beto Salles, ressaltou que “a cultura não pode ser analisada pelos meios comuns, já que uma de suas principais características é a singularidade”.

Ao final do encontro foi constatado que uma reforma da cultura passa obrigatoriamente por outras áreas, entre elas planejamento, trabalho, justiça e educação. Para dar continuidade ao Re-cultura, o próximo passo será escolher representantes da sociedade civil para compor o grupo que junto com membros dos ministérios envolvidos buscarão respostas para as demandas apresentadas nesse encontro e nos fóruns de cultura espalhados pelo país e construirão políticas que realmente atendam as necessidades dos produtores de cultura no Brasil.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Plenário lotado e a Coordenação da CUFA Laguna apresenta projetos e suas ações para comunidade lagunense na sessão da Câmara Municipal de Vereadores




No dia 04 de agosto de 2009 a CUFA Laguna SC, apresentou ações e projetos a serem realizados no município de Laguna, na oportunidade foi apresentado o projeto “CINE-ARTE E CIDADENIA”, projeto este que só foi possível se tornar realidade com o apoio da “Eletrosul”, vamos trabalhar com filmes e documentários nacionais que abordem temas de nosso cotidiano e no final de cada apresentação vamos abrir discussões com o público sobre os temas abordados, as sessões irão acontecer pelas periferias e escolas municipais e estaduais dos municípios de Laguna, Capivari de Baixo e Tubarão. Plenário lotado e todos os vereadores na casa, O Sr. Dayvison da Silva de Souza (Presidente da Câmara Municipal dos Vereadores) faz a abertura recebendo a Coordenação da CUFA, logo após Leandro Fonseca apresenta a CUFA, Vinicius Lauffer expõe e apresenta os projetos pedindo para os Srs. Vereadores e ao público presente que os apóiem, falou também sobre o projeto de uma palestra sobre prevenção ao consumo e tráfico de drogas com o Rapper, Escritor, Documentarista e Fundador da CUFA MV Bill que foi amplamente discutida e apoiada pelo Conselho Municipal de Saúde e pela Secretaria Municipal de Saúde Tanara Cidade de Souza, esse projeto será encaminhado para a Câmara aprovar em votação, Sr (a) Jussalva Mattos (Vereadora) parabeniza a ação e se fará presente e parceira nos projetos e ações da CUFA, assim como os Vereadores Orlando Rodrigues, Cleosmar Fernades, Dudu Carneiro e Zezo, fizeram falas em apoio aos projetos e ações da CUFA no município.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Coordenação da CUFA SC é recebida pelo Secretário de Cultura do Estado de Santa Catarina e pelo Superintendente Nacional da Caixa Econômica Federal



No dia 03 de agosto de 2009 o Sr. Gilmar Knaesel (Secretário da Cultura, Esportes e Turismo do Estado de Santa Catarina) e Sr. Vânio dos Santos (Superintendente Nacional da Caixa Econômica Federal) recebem a coordenação estadual da CUFA. Na oportunidade a CUFA apresentou sua nova coordenação, agradeceu pelo apoio a LIIBRA e presenteou o secretario com um troféu do evento, também reafirmamos o compromisso que temos com os Pontos de Cultura e a importância deste projeto junto as comunidade onde a CUFA tem relação, recebemos a informação de que entre os dias 12 e 15 os projetos estarão sendo analisados e que em setembro será assinado os contratos, já que estamos na disputa por um dos pontos de cultura aqui no estado. Acreditamos no potencial e na legitimidade da CUFA e o Estado de Santa Catarina é parceiro, afirma o Secretário de Cultura. O Sr. Vânio dos Santos (Superintendente Nacional da Caixa) se coloca à disposição afirmando as parcerias que a CUFA tem com a Caixa no Brasil .

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

RE-CULTURA : MOVIMENTO PELA REVISÃO TRIBUTÁRIA DO MERCADO CULTURAL BRASILEIRO

“Luz, câmera e ????” Ação! Responderia o grande público.
Mas em diversos palcos, teatros, cinemas, museus, galerias e outros aparelhos culturais das cidades, por trás da cena, onde ninguém vê, os profissionais da cultura e do entretenimento completariam a máxima tão famosa Do meio cinematográfico com termos pertinentes a um universo bem particular: figurino, iluminação, cenografia, ensaio, roteiro, planejamento, tradução, direção, continuidade, montagem, legendagem, direitos autorais, direitos conexos, contratos... .

Por trás da ponta que se comunica com o grande público para entretê-Lo, levar informação, arte e cultura existe uma cadeia sem fim de pessoas especializadas e conhecedoras do segmento: é o mercado cultural. Um mercado que emprega e gera divisas, que interage com diversos setores da sociedade como o turismo e a segurança pública, por exemplo.
Assim como qualquer outra esfera da sociedade que produz e vive de seu produto, o mercado cultural pertence também a um universo econômico.
Este mercado gera uma cadeia produtiva, que gera empregos e que prevê lucro como forma de remunerar seus profissionais. Mas assim como em qualquer outro setor com vida econômica existem pontos que desfavorecem a empregabilidade e principalmente o futuro de profissionais que muitas vezes dedicam suas vidas à cultura.

Pensado e estruturado por profissionais do meio, com o objetivo de propor uma releitura de toda estrutura de contratações e pagamentos de tributos rumo a uma relação mais justa nas operações culturais surge o Re-Cultura: um movimento em prol da reforma tributária do mercado cultural.

Este movimento formado por quem realiza, trabalha e pensa o meio cultural brasileiro busca rever e normatizar os altos impostos hoje aplicados ao meio, que inviabilizam muitos trabalhadores a se enquadrarem nas formalidades da lei.
A partir da desconstrução de conceitos ultrapassados desejamos propor ao poder público novos formatos de contratação que visem sempre manter empregador e trabalhador na legalidade sem necessariamente ter que lançar mão de altos impostos para isso,tornando as relações contratuais viáveis e ao alcance destes profissionais e empresas que movimentam cultura no Brasil.

www.re-cultura.blogspot.com

domingo, 2 de agosto de 2009

Hip Hop é compromisso

Semana retrasada fui surpreendido por denúncias irresponsáveis a meu respeito, numa tentativa de manchar minha imagem. Produziram um espetáculo aparentemente jornalístico que sugeria ser eu testa de ferro de empresas supostamente piratas, insinuando que desviei milhões de reais, quando não tenho sequer a minha própria empresa.
E ainda tentaram induzir as pessoas a pensarem que o livro que escrevi era bancado
por dinheiro público. O que é comprovadamente falso.

O fato de, numa relação comercial privada, eu usar uma mesma produtora que tem projetos com a Petrobras não permite a ninguém concluir que exista alguma triangulação, como não existe! Isso inclusive já foi confirmado pela própria estatal.

Só que miraram num alvo, mas acertaram no próprio pé.
O curioso é que, depois, foi descoberto que a empresa questionada é uma agência da área artística reconhecida no mercado, tanto que boa parte da respeitável mídia - inclusive a "denunciante" - recorre a seus serviços. Que ironia...

Mas para mim o caso não está encerrado, pois o fato de eu não ter absolutamente nada com essa história, me motiva sim a contribuir para uma grande reflexão, aproveitando essa tentativa de maldade para trazer uma discussão de verdade.

Li muitos questionamentos e defesas de artistas sobre suas dificuldades para se manterem no mercado formal e legal. Li muito sobre o que hoje é quase um câncer que corrói praticamente todo o mercado cultural/artístico no Brasil: a necessidade de boa parte dos artistas e criadores
precisarem de empresas que vivem da intermediação entre o patrocinador e a arte. Li sobre artistas que recorreram a essas agências culturais para formalizar seus shows que efetivamente ocorreram.

E para entender melhor esse problema procurei alguns profissionais da área tributária e,
entre outras coisas, pude concluir que não existe dados sobre o impacto da cultura brasileira no PIB nacional, ou seja, não existimos formalmente.

Entendi que nós, profissionais autônomos, pagamos sobre o valor do serviço prestado 11% de INSS, 5% de ISS e ainda Imposto de Renda, de acordo com tabela.
Além disso, todas as pessoas jurídicas que nos contratarem deverão recolher mais 20% sobre o total do cachê para o INSS, independentemente do valor do serviço, e ainda correr o risco de haver caracterização de vínculo empregatício.

Entretanto, não é vantagem para nenhum trabalhador permanecer no mercado informal, não há auxílio-doença, aposentadoria, e nem são garantidos os benefícios dos contratados com carteira: férias, gratificação de um terço do salário nas férias, descanso remunerado, décimo terceiro, pagamento de hora extra, FGTS, etc.

Na verdade, um trabalhador informal acaba ficando à margem das estatísticas e da realidade da classe trabalhadora brasileira, lembrando que a categoria de trabalhadores de "carteira assinada" sempre se destacou como minoria. No caso de profissionais ligados à cultura, essa situação ainda piora quando observamos que, além do indiscutível excesso de tributos, possuímos algumas características que, de acordo com as regras do jogo, contribuem ainda mais para elevar o custo de uma possível contratação, como, por exemplo, o fato de que a maioria desenvolve suas atividades em horário noturno e aos finais de semana. Diante dessa
realidade, podemos afirmar que, do ponto de vista financeiro, é praticamente impossível contratar um profissional da área cultural através de registro em carteira.

Outra característica é que as funções exercidas pelos profissionais ocorrem em períodos determinados e dificilmente são de ação continuada, inviabilizando sua contratação nesse formato.
Toda essa instabilidade obviamente intimida a abertura de empresas próprias, principalmente se pensarmos nas dificuldades para se abrir uma empresa e mantê-la em funcionamento neste
país. E olha que nem estou falando dos artistas iniciantes, que em geral trabalham para divulgar, não por cachê, mas que estão submetidos às mesmas regras, incluindo pagamentos de músicos e todos os encargos inerentes à atividade.

Mas é bom deixar claro que as coisas ditas por mim não são motivos para burlar a legalidade; pelo contrário, ela precisa ser a nossa meta, sempre.
Tenho nítido que, como cidadão, espero sempre que o dinheiro público seja bem aplicado, mas não podemos esconder que quem trabalha no meio artístico acaba meio órfão, sem ter uma regulamentação própria para seguir, tendo que se adaptar a uma realidade que não é sua. Portanto, convido todos os que pensam cultura neste país, em especial os parceiros das secretarias e do Ministério da Cultura, para juntos levarmos essa discussão adiante, sem eleger um bode expiatório, mas sim construir uma nova lógica para a cultura brasileira.

De certa maneira, agradeço o mal que tentaram fazer comigo, pois a conclusão a que chego é que, ao mesmo tempo em que fiquei indignado por meu nome ter surgido num rolo que não me diz respeito, sinto muito orgulho por ser um artista/militante discriminado por sua origem social, mas que está tendo mais uma vez a coragem e a responsabilidade de botar o dedo na verdadeira ferida da cultura brasileira.

MV Bill é cantor de rap, escritor e um dos fundadores da Central Única de Favelas (Cufa)

"Tiro no pé" Reforma do Estado e Cultura Política Respeite o Hip Hop


A crença dominante é a seguinte: para construir um país mais justo, com governos mais eficientes, com menos corrupção e violência, é preciso punir mais e com penas mais longas, o que, por sua vez, deve ser precedido pela promulgação de leis que ampliem os mecanismos de controle sobre a sociedade e o Estado. Quanto a este último, o senso comum diz que é necessário inibir desvios de conduta, impondo regras rígidas para que seus atos se tornem mais compatíveis com o respeito ao interesse público.

Em tese, soa perfeito. Na realidade, não é o que acontece. Tomemos o caso do Estado e da extensa e meticulosa legislação a que se submete o executivo, em todas as esferas –federal, estadual e municipal. Cada nova lei que visa impedir a transgressão provoca, paradoxalmente, a qualificação dos criminosos e a valorização do crime, tornando-o mais atraente. O interesse transgressor não cede ante a nova barreira, mas é levado a sofisticar seus procedimentos e refinar o preparo técnico de seus “operadores”. O cálculo de custo e benefício acaba compensando, porque, se o aumento do risco encarece o crime, o preço cobrado a quem contrata o serviço transgressor também se eleva, tornando o negócio mais lucrativo. Em suma, na medida em que se expande a malha de controle, cresce a disposição de transgredi-la e se aprimora a capacidade de fazê-lo. O tráfico internacional de drogas e o prosaico contrabando, o teatro das licitações e as leis sobre convênios são exemplos conhecidos.

Depois de ter passado os últimos dez anos atuando nas três esferas do executivo, posso dar o testemunho de que o que parece lógico e quase indiscutível, quando se vê de fora, é irracional e destrutivo, visto de dentro. É isso, mais do que as diferenças ideológicas, que explica o choque freqüente dos gestores públicos contra membros do Legislativo, sintonizados com o senso comum das ruas, mas ignorantes das armadilhas do controle normativo (e do aparato institucional que lhe dá suporte e conseqüência). E é por isso que quando as oposições chegam ao governo adotam as soluções que antes criticavam. Não é uma traição a princípios, mas a indispensável adaptação a uma realidade imperiosa, que castra sem piedade a criatividade e a eficiência, produzindo governos abúlicos sem que a corrupção seja sanada. Um exemplo: as diversas modalidades de terceirização. Em teoria, trata-se de um mau caminho. O melhor seria que o Estado funcionasse, valorizasse seus profissionais, garantisse condições adequadas de trabalho e gestão. Mas os governos retrocederiam ou fechariam as portas se tivessem de renunciar aos convênios que terceirizam, quando não privatizam.

Para falar francamente: governar é quase inviável. Ser eficiente, no governo, é inviável, salvo nas áreas em que a sobrevivência nacional abriu picadas para a oxigenação –a Fazenda, o Banco Central e alguns poucos setores, nas distintas esferas. O processo de democratização, gradualmente, com o propósito de prevenir o autoritarismo e de apagar a memória sombria de Leviatã, amarrou o Estado em uma camisa de força. Atire a primeira pedra quem assumir a responsabilidade de governar o país sem medidas provisórias, quem se comprometer a prover os serviços públicos sem recorrer a organizações sociais, Ocips, Ongs ou aos mediadores internacionais. Os críticos da terceirização e da privatização não conhecem a realidade --se assumirem o poder estarão condenados a repetir seus adversários.

A conseqüência desse argumento deve ser o fim de toda a regulamentação e de todo bloqueio normativo? Deve ser a capitulação e a entrega do Estado à voragem privatista? Deve ser o triunfo do laissez-faire, justamente quando o liberalismo anárquico naufraga, tragado pela crise mundial, gerada pela desregulamentação irresponsável? Não. Nada disso. É necessário, em nome da justiça e da democracia, defender o Estado e fortalecê-lo, mas isso não se faz bradando velhos slogans e tapando o sol com a peneira. Para revigorar o Estado, impõe-se transformá-lo, profundamente, liberando-o de amarras artificiais e apostando mais na transparência, na mídia livre, na participação social e nas eleições do que no aparato controlador. Não podemos continuar nessa via: para proteger a honestidade, estamos alimentando a corrupção; para salvaguardar o Estado dos interesses privados, estamos liquidando sua capacidade administrativa.

Agora, o outro lado da moeda: é nesse contexto que devemos entender as dinâmicas em curso na sociedade. O fisco sufoca os empreendedores. O empregado negocia soluções informais com seu patrão, porque precisa trabalhar. O pequeno empresário tem de escolher: dar três empregos informais ou um, formal. As boas instituições são as que convertem vícios privados em virtudes públicas, e não as que, inutilmente, se devotam a corrigir os indivíduos. Como julgar as micro-decisões dos milhões de brasileiros que, na selva dos controles normativos e ante a voracidade da exação fiscal, encarando o desafio que é sobreviver, buscam opções menos onerosas e mais econômicas, sem cometer qualquer crime? Nesse ponto, creio que todos podemos atribuir o verdadeiro significado ao ato de Celso Athayde e MV Bill: negociar, licitamente, os direitos autorais de um de seus livros com uma empresa legalmente instituída (o que ela faria em outras áreas de atuação não se tinha como saber) para que ela represente os autores no contrato com a editora, fazendo com que se tornasse possível recolher impostos como pessoa jurídica, em vez de como pessoa física. Qual o crime?

Extraordinário o cinismo de setores da grande imprensa. A revista Veja, por exemplo, célebre por sua “isenção e objetividade” –aplicadas numa versão muito peculiar de ambas as qualidades--, abriga um colunista que se dedica ao esporte do tiro ao alvo –na semana passada praticou tiro ao negro. Faz um grande sucesso transgredindo algumas regras básicas do jornalismo civilizado. Nada original. A grosseria sempre foi um filão fecundo para a exploração comercial e a difusão de valores anti-democráticos. Sobretudo a grosseria chique, blasé, arrogante, elitista e pseudo-intelectual. O clichê da direita continua vendendo: por que mudar? A idéia não é essa? Vender e desmoralizar os adversários sem direito de defesa? Pois a última rodada de linchamento, promovido pelo arguto escriba com aquele conhecido requinte de sadismo --que se compraz em apontar dedos para sentir-se puro e afirmar-se superior--, atingiu MV Bill e Celso Athayde. Simplesmente, repita-se, porque recorreram a uma empresa para representá-los em um contrato com uma editora. Essa empresa, anos depois, tornar-se-ia objeto de denúncias e investigações. Que responsabilidade poderiam ter, em qualquer eventual ilícito por ela cometido, aqueles que negociaram com ela, honestamente, licitamente?
O mais inacreditável vem agora: sabem quem tem contratos com a tal empresa? A editora Abril, que publica a revista Veja.

Ora, de duas uma: ou todos os que negociaram com a tal empresa tornaram-se automaticamente cúmplices dos ilícitos que ela porventura tenha cometido, e nesse caso a editora Abril é tão culpada quanto os cidadãos que ela acusou; ou ninguém pode ser acusado pelas possíveis faltas cometidas por terceiros, só por ter mantido alguma relação contratual, de forma lícita, com o suposto faltoso. Neste último caso, aqueles que a revista acusou merecem desculpas públicas.

Essa conclusão é tão clara que mesmo o mais parcial e astucioso dos jornalistas teria de admiti-la. E teria a obrigação moral de divulgá-la. Mas falar em moral nesse ambiente envenenado pela ideologia e a manipulação arbitrária não faz mesmo sentido. Nosso debate público anda tão pobre e sujo que mesmo o gesto mais abjeto acaba naturalizado. Ainda bem que existem os políticos para encarnar todo o mal. Se não fosse assim, teríamos de discutir ética pública a sério, sem bodes expiatórios.

Parece claro que a hipótese de Bill vir a ser candidato ao Senado, mesmo sendo fantasiosa, foi suficiente para despertar a cólera desonesta dos que mal conseguem disfarçar o racismo e o ódio –e/ou inveja-- que sentem do sucesso de uma liderança popular legitimamente construída e de enorme potencial mobilizador. A doença paranóica do controle contagia. Use sua desconfiança com moderação.


Luiz Eduardo Soares

O Hip Hop da PlayBoy

E de que lado você samba...
Há poucos dias fomos brindados com um peculiar Coquetel Molotov de mentiras, verdades e falsas isenções.
O movimento social, a periferia e o hip hop foram frontalmente atacados na figura de ícones como Celso Athayde e MV Bill, quando certas pessoas inadvertidamente propagaram uma suposta relação deles com certas empresas “legalmente constituídas” até que se prove o contrário.
Isso mesmo companheiros, acusações sem provas constituem crime e isso é real, embora algumas pessoas desconsiderem essa informação.
E por falar em informação, que como todo produto é às vezes tem qualidade, outras vezes não, as últimas manchetes nos mostram que as ditas empresas são muitíssimo bem relacionadas e contam inclusive com um dos veículos propagadores dessa imensa calúnia em sua cartela de clientes.
E você samba de que lado?
Agora que ficou evidente que essas empresas permeiam uma gama insondável de relações comerciais diversas, será que essas mesmas pessoas que iniciaram essa cruzada ilógica vão cogitar o envolvimento societário de seus próprios diretores tal qual cogitaram o envolvimento de Bill e Celso Athayde?
Seria interessante se o fizessem... qual seria o título da nota? Talvez:
“E meus olhos ardem com essa pimenta”